8.12.09

Burca de banho I

Tudo começou como uma brincadeira. Como todo mundo sabe, mulheres nunca estão satisfeitas com o próprio corpo. E era época da novela Caminho das Índias, que trouxe de volta as batinhas indianas.

Ai eu falei para as minhas amigas que estava torcendo para que a próxima novela da Glória Peres se passasse no Afeganistão para que a burca de banho finalmente entrasse na moda e eu pudesse voltar a freqüentar as praias do litoral paraense com toda tranqüilidade.

A idéia da burca de banho virou uma piada interna nossa. Até essa semana, quando o Tim Penner, marido da Lilia Affonso, pesquisando na internet finalmente descobriu essa imagem aí em baixo.




Imediatamente e-mails foram disparados e nosso grupo de discussão se formou. A burca de banho existe! Aí eu resolvi ir mais fundo na internet e descobri que não só o burquini é produzido em escala industrial como a burca começou, no ano passado, a ser explorada como proposta pelo mundinho fashion.

Ok, eu conheço e defendo todos os argumentos contra a burca e a opressão às mulheres que ela representa, mas inicie agora o apedrejamento ritual a mulher que nunca acordou, se olhou no espelho e desejou ardentemente ter uma peça dessas no guarda-roupa para poder sair de casa.

E quando a gente vai para a praia, então? A burca de banho passa a ser praticamente uma obsessão diante das celulites e das estrias que teimam em persistir mesmo depois dos tratamentos com eletrochoque e das milhares de sessões de drenagem linfática!

Burca de banho de II

E para atender aos interesses de uma amiga que queria um modelo mais alegre para estrear em Salinas, os editorais de moda agora deste final de ano, a versão fashion do traje de banho utilizado pelas mulheres muçulmanas, inspirado na "burca", pode chegar às praias da Europa no próximo verão. Dá uma conferida!

>Burca modelo fashion. Será que não tá justa demais?

O burquini, dizem seus fabricantes, é confortável, impermeável, 100 por cento poliéster, resistente ao cloro, fácil de usar e colorido. Composto de uma túnica com capuz e calças, deixam descobertos apenas o rosto, as mãos e os pés.
Olha que ótimo! E aposto que a gente ia chamar muito mais atenção da macharada na praia, afinal de contas mulher com tudo de fora tem um monte, mas vestida é cada vez mais raro!

Os modelos são fabricados na Alemanha e podem ser vistos neste site. Se alguém souber alemão por ai, dá para me dizer se eles entregam no Brasil?

Burca de Banho III

Tenho uma amiga que fica horrorizada quando eu digo isso. Ela diz que preciso aceitar o meu corpo. Mas eu aceito! Só acho que os outros é que não precisam ser confrontados com ele.

Acho lindo as gordinhas que adoram seus corpos e não estão nem aí para os seus braços de tacacazeira – a versão paraense das baianas do acarajé.

Eu particularmente, passo. Aliás, nos últimos tempos essa moda de vestido tomara-que-caia soltinho é um perigo só para as mulheres cheinhas. De verdade, para todas as mulheres. Porque se você não for anoréxica corre o sério risco de ficar com cara de quem vestiu uma capa de botijão de gás. Cruzes! Tô Fora!

Olha que lindo esse vestidinho de verão!

De volta à burca, em 2008, o Marcelo Sommer – um estilista brasileiro – apresentou em um desfile esse modelo de vestido aí de baixo.

Burca de Banho IV

Sinceramente, eu achei muito simpático. Pena que em Belém o calor seja infernal. Mas ia ser ótimo para espantar os chatos que sempre ficam cercando a nossa mesa nos bares, quando percebem que tem um grupo de mulheres bebendo sozinhas.

E o Marcelo Sommer não está sozinho. Na Noruega, também em 2008, a burca estreou nas passarelas. A idéia foi da grife norueguesa Marked Moskva. O que eles querem é popularizar a burca como peça básica - e libertadora - do vestuário feminino.Os estilistas da griffe dizem que para nós, mulheres ocidentais, ela dá a oportunidade de poder sair de casa sem que a gente se preocupe com o cabelo ou com a maquiagem. Tem sentido.

Os caras parece que estão levando mesmo a sério a proposta, como vocês podem ver no vídeo abaixo. Há, por exemplo, a "burca-verão", com estampas florais, e a burca de peles, fundamental no inverno. A coleção inclui ainda uma "burca-doll" para dormir, e até uma burca para noivas.

Modelo Xadrez

Modelo de bolinhas

Veja ai, também, um desfile da griffe.



Glória Peres, o que você está esperando para fazer uma novela sobre muçulmanos fundamentalistas?

Atendendo a pedidos

Meus amigos andam reclamando que eu sumi do blog novamente. Peço desculpas. Mas é que as férias me deixaram meio preguiçosa. Então, para compensar, estou colocando esse monte de postagens. Divirtam-se.

As confraternizações I

Na verdade, o sumiço tem também outra razão. Confesso que ando me escondendo um pouco. É que começou a época do ano que eu considero a mais perigosa. A das famigeradas confraternizações.

Tem também o infernal amigo invisível, mas sobre ele e os presentes ridículos que a gente recebe nessas roubadas eu já falei logo no começo do blog e quem quiser saber minha opinião sobre o assunto, basta procurar no arquivo.

Não me entendam mal. Eu gosto de me confraternizar. Mas confraternização de fim de ano, para mim, é reunir aquela meia dúzia de amigos que conquistei em quase quatro décadas de vida. Nós bebemos, lembramos as coisas boas e ruins do ano para exorcizar os últimos 12 meses. Rimos e brindamos. Tai a confraternização perfeita.

O problema é que nessa época, rola uma espécie de compulsão pelas festinhas de final de ano. Tudo uma grande hipocrisia, na grande maioria dos casos. Mas o povo parece que fica histérico.
Conheço pessoas que adoram esse tipo de coisa. Não faltam uma. Marcam na agenda e se combinam pelo MSN.

Normalmente - para desespero dos colegas de trabalham nas assessorias de imprensa - essas pessoas que não perdem um evento são as que menos interessam para os organizadores. Mas também, quem manda inventar de fazer festa?

As confraternizações II

Eu tenho um certo horror às confraternizações. Primeiro porque o convite faz a gente achar que o dono da festa te considera um pobre morto de fome. “Vamos empurrar comida e bebida na gentalha e distribuir uns brindes para os miseráveis” é o que costuma ser a linguagem subliminar dos que recebo.

Até para não parecer pior do que eu realmente sou, acabo indo em algumas. E quase sempre me arrependo.

Já vi coisas do inferno de Dante. Tipo pular uma poça de vômito na entrada do banheiro e encontrar lá dentro uma coleguinha lavando o braço ensanguentado na pia. Ou gente dormindo embaixo da árvore de Natal. Ou gente saindo com a decoração da mesa nas mãos, pensando que é brinde.

Teve uma vez até que um cara, bêbado, não reparou que eu estava acompanhada e me parou na porta de saída querendo me dar um dos tais vasos. E o pior é que era um vaso enorme cheio de folhagens.

Mais triste ainda é que era um grande empresário aqui da cidade, que ficou com a maior cara de tacho quando notou que o meu então namorido estava do meu lado, olhando para ele com os olhos arregalados. Vexame total.

As confraternizações III

Um das coisas que eu não consigo entender nas confraternizações é por que, se a idéia é criar um clima de festa e descontração, as pessoas se comportam, quase sempre, como se não houvesse amanhã.

Comem demais e bebem exageradamente. Pior: bebem o que não estão acostumadas a beber. Aí é nitroglicerina pura. Tem cervejeiro que, só porque é uísque é “de grátis” cai de boca e bebe o destilado como se estivesse tomando chopp. Já dá para imaginar a cagada no final, né?

Isso sem falar do povo que fica dando gorjetinha para o garçom para ser servido na frente. Totalmente sem noção.

Aliás, um dos mistérios para mim é como é que as pessoas conseguem comer tanto nessas festas. Desde que inventaram essa história de Buffet eu quase nunca mais comi em confraternizações. Tenho arrepios só de ver a cena.

O povo todo em fila com os pratos na mão me lembra logo a distribuição do sopão da caridade. Tem gente até que espera com o prato enfiado embaixo do sovaco. Imagino o gosto da comida depois. No mínimo a criatura vai devorar filé ao molho de desodorante. É o caos e a barbárie!

As confraternizações IV

Lembro de um tempo bom em que as confraternizações da Federação das Indústrias tinham o serviço à francesa. Todos sentados e os garçons – maravilhosos! – iam servindo as mesas. Tão civilizado que eu ia com gosto. Depois até eles entraram para a era dos malditos buffets.

E quando chega a hora do sorteio de brindes? É tão deprimente quanto aquelas mulheres que se estapeiam para pegar o buquê em casamentos. O povo grita, faz as mesmas velhas piadas infames tipo “balança o saco, fulana!” e fica histérico se ganha alguma coisa. Não interessa o quê.

“O que foi mesmo que você ganhou?” “Ah, sei lá, parece que é um pen drive com um aparador de pelos do cu embutido...” “ Poxa, meio trash você não acha?” “ Ah, que nada, o importante é que EU GANHEI! GANHEI! UHUUUU!. Então, tá.

O pior é que também fica histérico se não ganha nada. E fica inventando que os prêmios estavam todos marcados.

Fora que, nas confraternizações, quase todo mundo se odeia e vai lá só para poder ficar falando mal dos outros. Aliás, essa é a única razão pela qual ainda não deixei de vez de ir a essas festinhas.

Homens e mulheres I

Estou cada vez mais convencida de que esse negócio de morar junto é uma fórmula que a humanidade desenvolveu para o controle de natalidade.

É praticamente impossível o romance se sustentar com tanta intimidade. Acho que os melhores casamentos são aqueles em que cada um mora no seu canto. Imagina se pode dar certo juntar sob o mesmo teto duas pessoas que tiveram criações completamente diferentes, se até com os parentes – e olha que todo mundo foi criado junto – chega uma hora em que a convivência diária se torna insuportável!

Primeiro que, para morar junto com alguém e manter um mínimo de dignidade, é necessário que cada um tenha o seu próprio banheiro. Quer coisa pior que entrar no banheiro pela manhã e sentir aquele leve cheirinho do coco que o seu parceiro acabou de fazer?

E quando é você que entra primeiro? O que fazer para o cheiro sumir? Ficar abanando com a toalha até a coisa melhorar? Deixar um estoque de caixa de fósforos no armário? E quando o coco resolve não descer e você já está atrasada?

Homens e mulheres II

Isso sem falar que ainda é preciso ter muita tolerância – homens e mulheres - para agüentar calcinha pendurada na torneira, cueca jogada no chão, piso molhado, cabelo no sabonete e na pia, xixi no assento do vaso, pasta de dente aberta.... No retorno para o quarto,tipo um bônus, sempre tem um dos dois que abandona a toalha molhada em cima da cama. Geralmente do lado em que o parceiro dorme.

E quando o parceiro resolve fazer tudo de porta aberta e ainda tenta entabular uma conversa com você? De verdade, eu penso que assepsia é uma coisa que a gente deve fazer na mais absoluta solidão. A menos que você esteja com a esteticista, cabeleireiro, manicure ou outras dessas pessoas maravilhosas que te transformam em gente toda a semana.

Quer saber um erro comum das mulheres que os meus amigos homens já me confessaram? É querer tomar banho com o figura depois da transa. Ir para o banheiro depois só se for para dar mais uma no chuveiro, dizem os meus amigos.

E depois, aí sim, cada um volta sozinho para o banheiro e toma banho de verdade. Ou vai me dizer que você acha lindo ver o seu companheiro lavando o saco? Saiba que ele também não vê muita graça quando a coisa é com você.

Sinceramente, não dá para tomar banho de verdade com alguém do teu lado. Como é que você vai limpar o nariz? E o cu? E passar a lixa nos pés? E tirar a cera do ouvido? Impossível. Se um homem te vir fazendo tudo isso e ainda continuar com você, tenha certeza: ele é cego!

24.11.09

Homens, ah os homens! I

Outro dia, um amigo dos tempos de adolescência entrou no MSN comigo para reclamar da minha observação sobre homens que usam meia na hora da transa. Ele mora em Curitiba e disse que eu só falei isso porque não sei o que é frio de verdade.

Ai eu perguntei se, quando estava frio, ele transava vestido e ele me respondeu que não. “Então, se você já está com tudo de fora no frio porque continua com o diabo da meia?” Ele concordou, mas disse que eu era muito feminista.

Não sou não. E, para provar, vou fazer a defesa dos homens.

Nós, mulheres temos uma tendência a achar que os homens são cafajestes, o que é uma mentira.

Homens são simplesmente homens.

E homens são orgulhosos da sua masculinidade.

Tenho um amigo que me confessou que seu ponto fraco é quando uma mulher diz “você não é homem para...”. Aí ele fica doido e é capaz de fazer qualquer merda. Eu, se fosse a namorada do meu amigo, aproveitava essa macheza toda de forma positiva. Saia logo aloprando: “duvido que você seja homem para lavar toda a louça da pia, varrer a casa e limpar os banheiros!”

Já disse que qualquer representante do sexo masculino – mas qualquer um mesmo, por mais pavoroso que ele seja – acredita firmemente que pode comer qualquer mulher. E mais: Que todas as mulheres do mundo querem dar para ele.

E uma das formas deles mostrarem a sua masculinidade é sair comendo todas as que dão mole.

Ouvi de vários amigos que, sendo mulher e dando mole, ele topa qualquer parada. Mais ou menos no estilo “mijou de cócoras, não é sapo, tô comendo”.

Mas, a favor da raça masculina, é preciso dizer que eles têm uma lógica cartesiana. A menos que se trate de um caso patológico, o cara deixa isso claro logo no primeiro encontro. A gente é que, quase sempre, não quer ver.

Na maioria das vezes, eles te avisam, mas você é quem insiste em cair no erro.

Se o cara sai da boate diretamente para o motel com você, são raras as chances de ele querer um relacionamento sério.

Se ele diz que é melhor que ele te ligue, é porque ele não quer olhar na sua cara nunca mais.

Se o programa de vocês se resume a sair para transar, não precisa nem dizer, né? É ÓBVIO que ele só quer te comer! E tem mulher que ainda não consegue ver isso!

É claro que no meio do caminho ele pode descobrir que você é a mulher da vida dele, mas isso é muito raro.

Homens, ah os homens! II

Ainda que ele se apaixone perdidamente por você, lá no fundo, persistirá a alma comedora.
Eu, particularmente, acredito que a maioria dos homens fiéis só não trai ou porque tem medo da mulher ou por falta de oportunidade.

Minha amiga, fique certa. Esqueça completamente essa história de que mesmo o mais errado dos homens pode mudar se você se esforçar para isso. Esse é um dos erros mais comuns que cometemos.

Homens não podem ser adestrados!

Ninguém muda completamente a personalidade já adulto. E você jura mesmo que ia querer este trabalhão para você? Nunca esqueça: mãe ele já tem uma ( se não tiver, azar o dele!) e enfermeira, ele pode muito bem contratar. E se não pode, por que é que você está perdendo tempo com esse pé-rapado?

As pessoas são como elas são. Não é justo tentar mudá-las. É claro que, se ele gostar de fato de você, vai fazer algumas concessões. Mas não pense em metamorfoses.

Deixe o coitado ser como ele é. Aceite-o, ou então siga em frente.

Eu já sofri isso na pele e sei como é chato ter alguém tentando te mudar. Tive um namorado que conheci na minha melhor fase bagaceira. Quando ele me viu pela primeira vez eu estava no Lapinha ( para os que não viveram esse época, um puteiro high society daqui de Belém muito famoso até o início dos anos 90), agarrada com uma garrafa quase vazia de uísque e fumando feito uma condenada. Devia ser umas três da manhã. Saímos de lá direto para o motel. (Tá vendo como toda regra tem exceções?).

O problema é que, passado um mês de namoro, o cara começou a encrencar. Dizia para eu parar de beber, parar de fumar, que eu não devia chegar tarde em casa, que eu devia reduzir as farras.... Um inferno.

Aí não dá, né? Pô, o cara me conheceu bêbada, de madrugada no Lapinha e não deu para desconfiar que eu era da bagaça?

Queria que eu virasse, o quê? Uma carmelita?

Adoro meus estivadores!

Gente, eu preciso confessar: me encontrei nos treinos de boxe. Primeiro, porque estou praticando esse esporte numa academia de macho. Ops, não me entendam mal. Não decidi mudar radicalmente minha opção sexual nestas férias.

Digo que a minha academia é de macho porque não tem as frescuras típicas de academia. É um local onde estivadores treinam boxe. Só que eles só chegam à noite e eu treino nas minhas tardes de ócio.

As paredes clamam por uma pintura, os sacos de areia estão para lá de usados e, o que me deixa mais feliz: os espelhos se reduzem a dois colocados em uma parede esquecida.

A academia é tudo de bom também porque todo mundo já descobriu que o boxe queima até 700 calorias por hora. E, à tarde, enquanto os estivadores ainda carregam sacos no porto, um punhado de gordinhos fora de forma invade o salão de treino. Quase todo mundo da minha turma é maior do que eu! Adoro!

Quem freqüenta a minha academia está interessado em perder peso e ganhar condicionamento físico, O que menos importa é a maneira como você está vestido. Dá para ir todo largado que ninguém está nem aí. Para mim e para a grande parcela da população que está totalmente fora de forma, essa é a visão do paraíso.

As pessoas normais chegam a uma academia morrendo de vontade de sair correndo e o ambiente quase nunca ajuda.

Todas as paredes são recobertas de espelho, quando a última coisa que você quer ver é o seu corpo refletido em qualquer lugar. Principalmente se do seu lado têm um saradão ou uma saradona malhando.

Tudo, nas academias tradicionais, é feito para constranger os pobres mortais sedentários. Não acho que seja deliberado, mas penso que se os donos de academia começassem a se ligar nisso veriam hordas de balofos correndo em direção às suas portas.

E, meus caros donos de academia, fiquem certos que há mais gente fora de forma do que saradões no meio da população.

Aliás, já repararam que só têm gente em forma nas academias? E vestindo a última moda em sportwear? Parece que esse povo nasceu fazendo musculação. Nada mais broxante.

Meu médico e acupunturista, antes de eu descobrir o paraíso dos estivadores, chegou a me recomendar a academia onde ele malha. Fica na mesma rua onde eu moro e a apenas uma quadra de distância.

Resolvi ir lá e não passei da porta. A Academia tem dois andares de PAREDES DE VIDRO!!!

O pessoal que circula por lá, então, nem parece gente. Parece modelo de comercial de anabolizante.

Sinceramente, a última coisa que eu ia querer era suar numa vitrine com um monte de gente super malhada ao meu lado. Até porque ia acabar virando a atração da rua. Quando o pessoal menos esperasse, já ia ter uma multidão gargalhando na frente da academia. Não ia demorar muito e ia até ter flanelinha vendendo ingresso....

Tratamentos estéticos I

Resolvi investir o dinheiro das minhas férias em tratamentos estéticos. Tudo começou com a minha busca por um acupunturista para reduzir meu estresse e a minha ansiedade. Ai, quando eu já estava lá na clínica, achei que, se já estava pagando alguém para encher a minha orelha de semente de mostarda e me enfiar agulhas duas vezes por semana, por que não calçar de vez as pantufas de jaca?

O cardápio de tratamentos estéticos da clínica é bastante amplo. Estou fazendo, por exemplo, drenagem linfática. No meu caso é praticamente uma “macrodrenagem linfática". Tenho medo de que, caso o prefeito descubra, queira colocar uma placa anunciando a obra na porta da sala de massagem.

Também estou fazendo uma tal de corrente russa. É uma coisa muito semelhante ao eletrochoque. Só que o que frita são as suas gorduras e não seu cérebro. Três vezes na semana a minha esteticista me amarra em uma maca e me aplica choques. Só não digo que é medieval porque na Idade Média não tinha eletricidade.

Dá até para desconfiar porque foram os russos que inventaram isso. Deve ter surgido nos porões da KGB. “Camarada Ivanovna, confesse seus crimes contra a pátria ou iremos aplicar choques!”. Aí, duas semanas depois, a Ivanovna bate na porta da KGB clamando: “olha, aqueles choques que vocês me deram ajudaram a reduzir a minha flacidez nas coxas! Não têm mais nada que vocês querem que eu confesse? Por favor! Por favor!”

Na próxima semana eu começo o forninho, mas já me certifiquei: não tem nenhuma sessão de gás antes de ir para a estufa.

Tratamentos Estéticos II

De volta à camarada Ivanovna, nós, mulheres, somos capazes de fazer qualquer sacrifício se há ao menos uma promessa de ficarmos mais bonitas.

Duvido que um homem encare a nossa rotina mensal de tratamentos estéticos. Bom, tem alguns que encaram, mas são poucos e não bons exemplos do homem médio.

Aquele ser com mais de 35 anos “que gosta de mulher e se comporta como homem”, na definição de um ex-namorado meu, um jornalista carioca que acredita, inclusive, que esta é uma categoria em extinção e que deveriam criar uma ONG para tentar preservar a espécie.

Bom, mas duvido que a maioria dos homens enfrente numa boa uma sessão de depilação com cera, por exemplo. Ou que tal delinear as sobrancelhas com pinça?

Uma vez, eu estava esperando na clínica de depilação. Tinha umas outras três mulheres esperando a vez até que, de uma das salas, começaram a sair gritos, uivos, choros parecia que um infeliz estava sendo escalpelado. A situação era tão ridícula que todo mundo começou a gargalhar na sala de espera.

Até que, passados alguns minutos, surge, na porta da tal sala, um homem. Ele passa por nós e sai de lá cabisbaixo e completamente humilhado. Ele tinha ido tirar a barba pela primeira vez. As outras mulheres me contaram que ele tinha entrado lá todo risonho e tirando sarro do mulheril. Hum, hum...

23.11.09

Corra que os 80 vêm aí! I



Quem me conhece um pouco sabe que eu sou fascinada pelos anos 80. Não era para menos. Foi a época da minha adolescência. O meu período dourado. Parte dos anos 80 eu passei em São Paulo e parte em Belém.

Na primeira metade da década eu morava em uma vila militar, no distrito de Vicente de Carvalho, no Guarujá. O fato de morarmos em um local com alguma proteção fazia com que nossas mães nos deixassem bastante à vontade.

E nós aproveitávamos ao máximo a nossa liberdade. Penso que boa parte da revolução sexual que começou nos anos 60 e continuou pelas décadas seguintes se deu nas esquinas escuras das vilas militares pelo Brasil inteiro.

Pelo menos é o que eu ouço de outros filhos de militares que tiveram experiências semelhantes na mesma época e em lugares diferentes.

Éramos pré-adolescentes e estávamos na fase dos bailinhos de garagem, enquanto trocávamos os primeiros beijos e amassos.

Normalmente, as festinhas começavam com roquinhos do A-ha, Legião Urbana, Barão Vermelho, Michel Jackson (ainda preto e ainda vivo), Kid Abelha e os Abóboras Selvagens, Supertramp e, depois que a festa engatava, começavam as musiquinhas “mela-cueca”, ou, como diz um conhecido, a parte da “música internacional lenta”.

Aí era o salve-se quem puder. Era a hora de arrumar alguém que depois ira te levar em casa e te pegar no escuro.

Curti muito essa fase. Talvez até demais. A volta para Belém acabou sendo providencial porque eu já tinha passado na mão – ou melhor, eles já tinham me passado a mão - de quase todos os garotos da vila e estava começando a ganhar a fama de “galinha”. Outra coisa bem comum nos anos 80.

Hoje em dia, você não fica mais falada. Você vira celebridade instantânea, mas para isso é preciso ter desenvoltura de profissional do pornô. É, os tempos mudam.

Naquela época não existiam celulares, fazer vídeos era só para quem tinha muita grana e “cair de boca” era só força de expressão. Pelo menos para a nossa turminha de pré-adolescentes.

Depois, já em Belém, na segunda metade dos 80, as farras ficaram mais pesadas. Nossa geração descobriu quase ao mesmo tempo o sexo e a AIDS, que levou muitos de nós ainda muito jovens e transformou o começo dos anos 90 em um período muito difícil.

Também curti muito essa fase.

E não só eu. Muita gente. Os anos 80 são cultuados por milhares de pessoas.

Até aí tudo bem.

O está me dando arrepios nos últimos dias é que a moda dos anos 80 está voltando com tudo.
Esqueça o calendário Maia. Isso, sim, é o fim do mundo!

Corra que os 80 vêm aí! II


E eu achando que aquele primor de cafonália com que a gente se vestia nos anos 80 estava eternamente condenado àqueles álbuns de foto que a gente não tem coragem de mostrar para ninguém.


Lembra daquelas saiazinhas de lycra? Pois é, elas estão voltando em outros materiais e com o nome modernizado para bandage.

E as saias balonê, que te deixavam com o aspecto de um embrulho? Também estão aí com tudo.
As calças centropeito – baggy e semi-baggy - também, aos poucos, voltam a se instalar. Estamos retornando ao tempo em que a cintura começa poucos centímetros abaixo do sovaco!


Ontem descobri mais uma novidade que fez o meu coração gelar. As indústrias estão voltando a fabricar sutiã com ombreira!

Eu quero morrer do meu coração!


Gente, vamos combinar. Os anos 80 foram o fim da moda!


E os cabelos! A gente podia escolher entre o corte que deixava a gente com cara de poodle ou o que deixava a gente com cara de samambaia de metro. Acho que os cabeleireiros tinham um prazer sádico em pensar formas de deixar as pessoas ridículas. O penteado “bacana” era aquele que deixava a gente descabelado, com os cortes “estaqueados”. Nunca soube o que isso queria dizer.

Será que eles estavam prevendo o futuro? Sabiam que dali a 10 anos íamos olhar para as fotos e tentar cravar um monte de estacas no coração?

Ou então a onda era passar litros de gel no cabelo para obter o “efeito molhado”. Ou então fazer competição para ver quem tinha o maior “mullet”, no caso dos garotos. Para quem não sabe o que é basta lembrar do cabelo “chitãozinho e xororó”, fase um.

Corra que os 80 vêm aí! III


Os ícones da moda nos anos 80 – que estão voltando agora, cruzes! – foram as coisas de mais mau gosto que o mundinho fashion produziu.


Duvida?


Polainas – Viraram febre depois do filme Flashdance (um roteiro anos 80 total. A garota era dançarina de inferninho e trabalhava no meio de um monte de homens como soldadora, mas era virginal e católica fervorosa). Todas as garotas usavam e em todos os lugares. A combinação preferida era por cima da sandália de salto alto ou da melissinha. E tinha que ter listras com todas as cores do mundo. E ficar toda embolada em volta do tornozelo.

Cores cítricas – O pior nem era usar verde limão. O pior é que, para estar na moda, a gente misturava váaaaaaaarias cores. E estampas também. Calça xadrez verde limão com camisa roxa e tênis All Star laranja era uma combinação perfeitamente normal naqueles tempos. Eu diria quase básica. Nem o Tiririca conseguiria pensar em uma visual tão original. Como é que não tinha ninguém para dizer que a gente estava ridículo é uma coisa que não entendo até hoje.


Laço de tule no cabelo – Podia ser de outros materiais também, mas os de tule eram os preferidos por causa da Madona e da Cindy Lauper. E tinham que ser enormes! Afinal, ser 80 era ser over. Não tinha quem não ficasse com cara de faxineira. Aliás o tule foi um tecido muito usado nesse período. Aposto que muitos mosquiteiros foram destruídos por adolescentes para se transfomarem em saias, blusas transparentes com o sutiã aparecendo, e luvinhas cortadas nos dedos. Acho até que é por isso que naquela época não tínhamos surtos de dengue.


Pano, muito pano – A indústria têxtil brasileira deve ter vivido seu apogeu durante os anos 80. A mais simples das blusas consumia, pelo menos, uns cinco metros de tecido. Tudo era muito grande. O bacana era usar manga morcego e golas enormes. Tudo isso preso por um cinto apertadíssimo na cintura. A silhueta de um típico representante dos anos 80 era muito semelhante a uma gravata borboleta em pé.

As terríveis ombreiras – Mesmo quem tinha pescoço ficava com cara de Frankenstein. Para quem não tinha, o ombro acabava na altura das orelhas.




Blazer com a manga enrolada junto com a camisa – Era um clássico para os homens. Dá para imaginar isso?


As atrocidades dos anos 80 incluem ainda maquiagem carregada no vermelho e no cor de rosa. A gente ficava com cara de quem tinha acabado de pegar muito soco, mas achava lindo.


Na verdade a lista é extensa. Os anos 80 foram o fim. Mas já vi muito comentarista de moda que eu respeito –ou respeitava – dizendo que a moda dos 80 não foi tão ruim assim. Que as propostas eram criativas e autênticas, etc, etc...


Tudo isso para justificar o injustificável.


É, acho que vou ficar na minha caverna no alto das montanhas até o tsunami 80 passar.

19.11.09

Os homens e o sexo I

O último item da lista de homens broxantes me fez lembrar outro tema interessante. A dificuldade que as mulheres têm para encontrar um homem bom de cama. Se você é uma dessas felizardas, amarre esse cara no pé da sua cama. E diga para ele que você está fazendo isso porque a-do-ra bondage.

Meninos, infelizmente essa é a realidade. Poucos de vocês sabem, realmente, enlouquecer – no bom sentido – uma mulher durante o sexo.

Sei que o que eu vou escrever aqui não vai fazer muita diferença para vocês, homens. Um das coisas que eu admiro é a autoconfiança masculina. O cara pode ser deformado, gordo, fedorento, a própria visão do inferno, mas ele sempre acha que todas as mulheres estão loucas para transar com ele. E ainda fica ofendido quando leva um fora.

Lembro uma vez que estava em um bar com uma amiga. Aí um cara bêbado e com um aspecto de quem não tomava banho há uns três dias se aproximou para puxar conversa.

Ainda não entendi porque os homens acham que ficam mais interessantes quando estão bêbados.
A última coisa que um homem bêbado deve fazer é se aproximar de uma mulher. Até porque nada vai funcionar direito. É decepção na certa.

Bom, voltando ao cara no bar. Ele começou a fazer gracinhas e eu, com a minha delicadeza habitual, disse para ele que a gente não estava a fim. O cara ficou puto. Parou um instante. Foi para a frente do bar, parou de novo, aí voltou, me encarou e berrou “ABESTADA!”. Eu só não ri na hora porque fiquei com medo que ele estivesse armado.

Homens são assim mesmo. Totalmente sem noção.

Mas eu acho que tem coisas que vocês, meninos, precisam saber.

Os homens e o sexo II

Uma questão importante para qualquer homem é o tamanho da ferramenta. De verdade, as mulheres não ligam muito para isso se o cara sabe fazer direitinho.

É claro que toda regra tem exceções. Tenho uma amiga que começou a namorar um negão enorme, mas o namoro acabou rapidinho quando ela descobriu que o companheiro tinha pau pequeno.

Aí eu tenho que concordar com ela, porque negão de pau pequeno é praticamente uma forma de estelionato. Na maioria dos casos, porém, a gente não se prende a esses detalhes.
Há outros muito mais importantes.

Querem ver? As preliminares. Acho incrível que os homens, que gostam tanto de carros, ainda não tenham aprendido que não dá para engatar a quarta sem antes passar pela primeira, pela segunda...

Me lembra uma comédia da década de 80 chamada “Three Amigos!”. Tem uma hora em que a mocinha do filme é obrigada a casar com o bandidão, o “El Guapo”. Aí, na véspera do casamento, a mãe dela chama para um conversa e pergunta: “você sabe o que são preliminares?” A garota responde que não e a mãe completa: “Melhor assim, El Guapo também não”.

Infelizmente El Guapo não está sozinho. A maioria dos homens pensa que basta o pau levantar que já dá para começar a função. Aliás, tenho percebido com parceiros da minha idade – por volta dos 40 anos – que quando o colega se apresenta já é quase um gozo. O cara fica aliviado! E você que se dê por satisfeita!

E o clitóris? A maioria dos homens, diante dele, se comporta como alguém que comprou alguma daquelas bugigangas quem vendem em programas de TV. Sabe para o que serve, mas não tem muita idéia de como usar.

Tem homem que acha que clitóris funciona igual à lâmpada do Aladim. E fica esfregando como se estivesse lavando roupa no tanque. O que será que ele pensa? Que vai sair um gênio dali de dentro? Desista!

Sobre ponto G, então, é melhor nem comentar. A maioria do povo do sexo masculino acredita firmemente que o ponto G é uma invenção feminina criada apenas para o constrangimento do parceiro. E simplesmente ignora.

Os homens e o sexo III

E quando o cara resolve inventar posições? Ele jura que você é yogini, joga as suas pernas para todos os lados, dobra a sua coluna e foda-se se você tem escoliose. Tem os que ainda perguntam: "E aí, tá gostoso assim?” “Tá, meu bem, tá ótimo, mas eu acho que fiquei tetraplégica”.

Pior ainda quando ele pensa que a tua cabeça é uma bola de basquete e fica te empurrando para todos os lados com as duas mãos. Você termina a transa completamente zonza e ele achando que você está com aquele olhar esquisito porque gozou!

Aliás, essa é uma das poucas horas em que homem lembra que mulher tem cabeça. Boa parte dos nossos parceiros pensa que faz parte da transa fazer a companheira bater o cocoruto na cabeceira da cama.

Tem cara que vai se empolgando cada vez mais porque você está gemendo. Mal ele sabe que você está gemendo, sim, mas é de dor!

Trepada perigosíssima!

Soube de um caso em que a coitada morreu. Ela tava de quatro e o cara foi com tanta sede ao pote – digamos assim – que a pobre se desequilibrou bateu a cabeça e quebrou o pescoço na parede do motel. Cruzes!

Os homens e o sexo IV

E quando eles resolvem, por conta própria, “apimentar” a relação? É desgraça quase certa.
Tive um namorado que uma vez me apareceu na porta do quarto fazendo pose trajando cueca, máscara e de chicote na mão! Acabou a trepada na hora! Eu passei o resto da noite chorando de rir e com o cara puto no outro lado da cama.

Sexo oral é outra complicação. Eles sempre querem que você faça, mas nem sempre se lembram de fazer em você. Em resumo, eles querem tudo e você que se vire – literalmente.

Dizem que a primeira ruga de uma mulher aparece quando ele te pede para chupar. E a segunda, quando ele pede para te comer por trás. Tire suas próprias conclusões.

Tantos equívocos me levam a crer que, em boa parte dos casos, quando uma mulher começa a dizer “Não pára! Não pára!” na cama, o que ela quer dizer mesmo é “Você não pára de fazer merda, hein?”.

Se você é homem e chegou até esta parte do texto, já deve ter dado umas boas risadas e, claro, achado que com você é totalmente diferente.

Mas será?

Experimente dar esse texto para a sua parceira ler. Se ela abrir um sorriso e concordar com a cabeça, acho melhor você começar a ficar preocupado...

18.11.09

Coisas broxantes em um homem

Esse papo todo de supermercado, que vocês podem conferir aí em baixo, acabou me inspirando a escrever uma lista.

Uma lista de coisas que considero broxantes em um homem. E ,devo dizer, que a maioria das mulheres também acha.

Não fechei um número até porque, quando se trata de homem, a capacidade que eles têm de serem ridículos é praticamente infinita. E o pior é que a gente não consegue viver sem eles.

Confira aí as minhas preferências:

Homem de meia – Meia é, quase sempre, um problema. Tem aqueles caras que misturam tênis com meia no meio da canela. Alguns vão ainda mais longe e usam meia social. Totalmente aterrorizante é o cara que usa mocassim (Acredite, ainda tem homem que usa mocassim!) com meia. Papete com meia também é o fim. Mas o pior que pode te acontecer, mesmo, é estar deitada na cama quando o seu parceiro surge, na contraluz da porta do banheiro trajando apenas cuecas e M-E-I-A! E ainda se joga na cama DE MEIA! O meu conselho é: Pule a janela mesmo que esteja no décimo primeiro andar. Pelo menos terá uma morte honrosa.

Homem de pochete – Se ele não for um repórter fotográfico que está usando o acessório para guardar sua lentes, fuja correndo. Quer saber por que? Porque homem quando usa pochete, o objeto vira praticamente uma parte do corpo. E vai chegar um dia em que você vai ter que encarar o cara usando pochete por cima da sunga na piscina ou na praia.

Homem de sunga – É o mesmo caso dos biquínis para as mulheres. Depois dos 30, só dá para usar se o cara for sarado. Se não, é a visão do inferno! A barriga acaba cobrindo uma parte da sunga. Sem falar que também aperta na coxa e a perna do cara fica parecendo um gomo de lingüiça. Mais digno, nessa situação, é usar uma bermuda. Se o cara tiver a virilha peluda, a sunga vai acabar dando uma assadura danada. E adivinha quem vai ter que passar o hipoglós?

Homem de esmalte – Adoro mãos de homem bem cuidadas, mas daí a finalizar a manicure com esmalte incolor é de doer! Não tem nada mais brega! Se ele tem coragem de usar base nas unhas, tem coragem para qualquer coisa. Inclusive para palitar os dentes na sua frente. O que me lembra mais um tipo de homem broxante.

Homem sem limite – É aquele cara que pensa que intimidade significa “liberou geral”. Ele pensa que só porque você já o viu nu centenas de vezes, pode agora coçar o saco, tirar meleca do nariz, arrotar, bater na barriga, peidar, cortar as unhas do pé e cagar de porta aberta na tua frente. Melhor parar por aqui.

Homem sem noção para roupa – É um tipinho triste. Acha que roupa de ginástica é short trilobal com camisa estilo machão e, para fechar “com chave ouro”, tênis e meia no meio da canela. Já para o dia-a-dia adora uma calça jeans apertada no culhão ou pior, tão frouxa que você até duvida que ele tenha culhão. Ou mistura calça branca com cueca vermelha. Aliás calça branca, se não for para um médico, é melhor evitar. O cara sempre acaba com ar de dançarino de carimbó. Sapato branco, então, só tênis. E isso mesmo para os médicos. Ainda tem os caras que enchem o bolso da camisa de bagulho e ela fica pendendo para um lado, completamente torta. Já deu para perceber que a falta de gosto masculina é pródiga, né?

Homem com pasta de notebook – A menos que o cara tenha um notebook, esse tipo de pasta virou uma espécie de 007 dos tempos modernos. Uma praga! E só serve para carregar tranqueira. Aliás, mesmo que o cara tenha um notebook é muito mais charmoso usar uma mochila para carregar o aparelho.

Homem que fala atrocidades na cama – Imagine a cena. A transa tá chegando no melhor e, de repente, o camarada começa a gritar: “ arreganha, vai arreganhaaaa!”. Sem comentários. Não me entendam mal. Eu acho super excitante falar durante a transa. Vale “gostosa, tesuda, vai enfia tudo...”, mas “arreganha”? Não dá. Certa vez ouvi um colega de trabalho dizendo que ia “escovar uma vala” aquela noite. Imaginei o tipo de mulher que ele ia encarar. Tem os caras que não superaram a fase ornitológica e chamam o membro de pinto, piu-piu, peru e por aí vai. Corta qualquer tesão ouvir: “Vai tarada, brinca com o meu piu-piu...”. Meninos, vamos combinar uma coisa? Nossos filhos têm pinto. Nossos namorados devem ter pau! E quando o cara te convida para “fazer um amor gostoso”? Eu penso logo em um papai-mamãe muito insosso. Fazer amor é para quem não sabe trepar! E, como diz a sabedoria popular, em homem que não sabe trepar até a pica atrapalha.

Bom, tem muitos outros tipos brochantes, mas eu vou parar por aqui, senão a lista fica muito extensa.

Entendeu porque eu estou sem namorado, né?

Supermercado, tô fora! I

Não sei quando surgiu esse trauma, mas ele está associado ao meu total horror a ir a qualquer lugar onde eu tenha que enfrentar uma fila.

Os caixas de banco de Belém que o digam, mas essa já é história para um outro dia.
Quando morava sozinha, só encarava dirigir um carrinho de arame quando já está faltando o básico, tipo papel higiênico.

Tenho amigos que, ao contrário de mim, adoram.

Eu, sinceramente, não consigo ver prazer em empurrar um carrinho por corredores cada vez mais estreitos, onde as pessoas se comportam como se estivessem no trânsito de Belém. Te fecham, te cortam, colocam o carrinho no meio da passagem, estacionam em fila dupla, passam por cima do teu pé. Um inferno, em resumo.

E dentro do supermercado tem um monte de fila. Tem a fila da pesagem dos legumes, onde sempre, mas sempre, tem uma criatura que faz cara de retardada e tenta passar na frente dos outros.

Tem a fila para comprar frios. É onde surge uma pessoa na tua frente que aparentemente quer se transformar em um especialista em conservas, frios e embutidos. E demora horas e pergunta tudo, como se o atendente fosse responder com sinceridade. “Essa lingüiça é boa?”. “Não, minha senhora. Essa lingüiça é uma merda e, aliás, já está até fora do prazo de validade, por isso estamos vendendo a granel e na promoção”.

Você consegue imaginar isso? Pois é.

Supermercado, tô fora! II

Supermercado também tem outras coisas insuportáveis. Escolher produtos, por exemplo, é a visão do inferno. Desconfio que as indústrias devem ter um departamento específico que fica bolando maneiras de massacrar o pobre consumidor.

A indústria de amaciante para roupa é, com certeza, uma delas. Já tentou escolher um pelo cheiro descrito no rótulo? É absolutamente impossível.

Impossível porque as indústrias não podem facilitar a tua vida escrevendo “erva doce”, “lavanda” ou “flores do campo”. As fragrâncias agora são “carinho”, “doces lembranças” e “momentos felizes”, não é uma coisa de doido?

Que cheiro tem “momentos felizes”? Para algumas pessoas momentos felizes podem ter cheiro de pizza. Ou de cerveja. Ou de chocolate, sei lá!

Por que é que não dá para simplificar a coisa e colocar um nome que pelo menos lembre algum cheiro conhecido tipo “ alfazema”, ou “bodum de camiseta suada”, que seja?

Para resolver o problema, eu acabo abrindo as embalagens para sentir o cheiro e escolher se quero as minhas roupas com odor de “carinho de mãe” ou “fofura sem fim”. É dose! Acabo ficando intoxicada no final das contas.

E se esses produtos forem viciantes? Já pensou, eu viciada em amaciante de roupa? Ia ser uma tragédia. E se todo mundo ficasse viciado?

Imagino a cena. Dois seguranças de supermercado conversam pelo walk talk: “Atento, Pantoja. Tem mais uma senhora viciada em amaciante no supermercado. Ela pegou uma embalagem de Fofo, escondeu debaixo da camiseta e tá cheirando lá no corredor três do setor de descartáveis...” “Ok, positivo e operante, Ramalho. Tô indo para lá!” Definitivamente, não dá!

Se você não acha isso suficiente, tem mais.

Supermercado, tô fora! III

Querem ver outra coisa irritante, na minha opinião? É aquela gente que arruma os produtos direitinho no carrinho, separando áreas específicas para frutas e legumes, para grãos e para produtos de limpeza.

Morro de inveja, confesso. Meu carrinho é um pandemônio. Sempre acabo com algum produto esmagado pelo peso de outro, mesmo quando eu faço de tudo para arrumar. Será que tem um curso que a gente possa frequentar? Se tiver, me avisem.

Isso me irrita porque me sinto uma total fracassada. Mas, pensando bem, esse povo que arruma milimetricamente o carrinho deve ser aquela mesma gente que cola etiquetas nas gavetas para saber onde estão as meias brancas e as coloridas. Cruzes!

E se você consegue sobreviver a tudo isso, ainda tem a fila do caixa. Ah, a fila do caixa! Deve ser um dos castigos do inferno.

Sempre tem um cara se fazendo de leso com um carrinho cheio na fila preferencial para cestas ou para compras até dez produtos. É aborrecimento certo!

E aquele pessoal totalmente sem noção que sai pegando as coisas no supermercado e quando chega no caixa perde um tempão decidindo o que levar?

Sem falar naquele povo que põe uma pessoa para marcar lugar na fila e depois aparece com dois carrinhos abarrotados. Eu não sei se isso acontece com você, mas sempre tem um desses na minha frente.

Outro personagem típico é o apressadinho. Você mal acabou de colocar suas mercadorias na esteira e ele já está enfiando os produtos dele. Dá vontade de perguntar se ele quer que eu pague as compras dele também.

Chegando em casa, só para piorar seu astral, ainda tem o drama de guardar todas as compras. Sinceramente, essa vida não é para mim.

Sobre mulheres e dietas I

Eu já escrevi aqui sobre esse tema, mas é impossível não voltar a ele quando se fala sobre o universo feminino.

Não conheço nenhuma mulher que não esteja começando uma dieta ou que não tenha planos de começar uma. Isso quando ela já não está de dieta.

É ponto pacífico que todas as mulheres do mundo, ainda que já estejam pele e osso, não conseguem se olhar no espelho sem pensar que precisam perder pelo menos dois quilos.
Tenho um amigo – muito sacana por sinal – que adora brincar com a vaidade feminina. Ele é o demo! Não pode chegar perto de uma mulher que vai logo dizendo: “Nossa, você emagreceu!”. E olha que a criatura pode até parecer um botijão de gás vestido de gente, mas invariavelmente abre um sorriso e diz “Você reparou? Acho que perdi uns dois quilos...”. Invariavelmente, também, meu amigo se afasta com um sorriso cínico: conseguiu provar, mais uma vez, a verdadeira obsessão que as mulheres têm com o peso.

É sim, somos obcecadas pelo nosso peso. Mas é verdade também que o mundo a nossa volta não ajuda. Só quem é mulher pode entender o drama que é entrar em um provador de loja, por exemplo.

Só pode ter surgido da mente insana de um homem a idéia de colocar luz fria nos provadores. O espaço vira uma verdadeira câmara de tortura. A última coisa que você precisa em um cubículo cercado de espelhos por todos os lados é de uma luz intensa. Você olha e aparecem celulites até na cara! Uma coisa pavorosa!

O provador dos meus sonhos tinha que ter som ambiente – para disfarçar o nosso choro -, luz indireta e um espelho que deixasse a gente mais magra. Afinal de contas, quem quer ser confrontada com a realidade quando se está de calcinha e sutiã, suando para se enfiar dentro de um vestido que você jura que é o seu número e com uma vendedora gritando por trás da cortina: “Se não servir, nós temos esse modelo em tamanho maior!”?

Mas voltando ao quesito dietas. Eu resolvi fazer uma dieta (ahá!) e para dar uma forcinha procurei um acupunturista para tratar minha ansiedade.

Acredito que pelo menos metade das mulheres que conheço engorda porque é ansiosa. Desconta as frustrações na comida.

Sobre mulheres e dietas II

Desenvolvi a teoria de que, no caso feminino, não são as comidas que contêm calorias. A vida é que é altamente calórica.

Quer um exemplo simples? O drama do telefonema no dia seguinte. Todas as mulheres já passaram por isso e é uma situação que acrescenta pelo menos três mil calorias à sua alimentação diária.

Não importa se o cara era feio feito a necessidade, se trepou mal ou se sequer pegou o seu número de telefone. No dia seguinte a uma noite de transa toda mulher sempre pensa: “Será que ele vai me ligar depois da noite de ontem?”

Para aliviar a espera – sim, porque você pode até nem querer que o cara ligue, mas vai ficar puta se ele não ligar para poder, você mesma, dispensá-lo – consome-se toneladas de bombons, batatas fritas, sorvetes e o que mais tiver em casa ou escondido nas gavetas no trabalho.

E, enquanto você engorda, o sacana está feliz da vida saracoteando com outra. E só esse pensamento já contêm mais duas mil calorias.No meu caso, o que me engorda mesmo é a ansiedade gerada pelo trabalho.

Se largasse o meu emprego tenho certeza que secaria.

Até porque ia ficar sem nada na geladeira de casa.

Sobre mulheres e Dietas III

Noite dessas comentei sobre o meu tratamento com uma amiga. Ela também está de dieta (ahá!) e me falou maravilhas da adaptação que fez, por conta própria, da dieta de proteínas e que a fez perder três quilos em uma semana.

Sim, porque mulher que é mulher de verdade cria a sua própria dieta. Endocrinologista e nutrólogo é para os fracos! O que é uma anemia profunda, um desmaio ou até mesmo uma parada cardíaca? O importante é sermos carregadas em uma maca para o hospital – desacordadas, é verdade – pelo menos dez quilos mais magras.

Minha amiga desdenhou da minha ansiedade. “Eu não tenho nada disso. Não tenho essa compulsão por comida”. Mal terminou de falar e eis que surge, na mesa ao lado, um garçom com uma bandeja carregada de profiteroles com sorvete.

Nem o Reinaldo Gianecchin, se tivesse se materializado completamente nu carregando a bandeja no lugar do garçom, teria conseguido tirar de minha amiga um olhar de tanto desejo quanto o que ela lançou para os profiteroles.

Nossa mesa ficou em silêncio, até que a minha amiga quebrou o gelo falando “ quando chegar em casa vou comer uma lata de palmito, porque palmito está liberado!”.

Imaginei a cena: Minha amiga, em casa, na frente da televisão, com uma bacia cheia de palmito no colo, sonhando com profitelores e sorvete.

Aconselhei a mudar a dieta. Passar para a do alfabeto porque assim, quando chegar na letra P ela vai poder comer profiteroles e palmito.

E quanto chegar no X poderá comer X-Burguer e X – Calabresa. Sem culpa.

17.11.09

Fugitiva de Alcatraz

Essa semana aconteceu uma coisa incrível na minha vida. Entrei de férias depois de quase quatro anos trabalhando feito uma condenada.
Está ótimo. Tenho tempo até para atualizar o meu blog que, coitadinho, andou totalmente abandonado nos últimos meses.
A sensação de liberdade recém-conquistada é maravilhosa. E assustadora também.
Ainda não sei muito bem o que fazer com tanto tempo livre e, para falar a verdade, me sinto culpada por ficar vagabundeando enquanto milhões de trabalhadores acordam cedo para perder horas se estressando nos seus locais de trabalho, as minas de sal do mundo moderno.
Na verdade, as minhas férias estão servindo para que eu constate, mais uma vez, que a modernidade foi inventada pelo demo para adicionar mais pimenta a nossa eterna culpa judaico-cristã.
Tenho um primo nascido em uma família metade católica ortodoxa e metade católica apostólica romana. Como os pais nunca conseguiram chegar a um acordo sobre em qual religião iriam criá-lo, ele nunca foi batizado. Hoje, com mais de 40 anos, ele diz que como nunca foi marcado por nenhuma religião está liberto de qualquer culpa. O que não o faz muito diferente da maioria dos homens que eu conheço.
Bom, mas eu fui batizada. E sinto culpa, muita culpa, por estar de férias.

Fugitiva de Alcatraz II

O mundo moderno transformou o ócio em algo indesejável. Tipo aquele tio alcoólatra que um dia entrou para os AA e agora vive enchendo o saco de todo o mundo que bebe nas festas de família.
Mesmo em férias, você precisa fazer alguma coisa. Caso contrário, passa a ser olhado com estranheza mesmo pelos seus amigos mais próximos.
Duvida? Então, me responda: qual é a primeira pergunta que te fazem quando você diz que saiu de férias? “E aí, o que você vai fazer?” Experimente dizer “nada” e verá que, na verdade, o fim do mundo vai começar bem antes do que os Maias previram.
Serão minutos de silêncio até que o seu amigo - ainda perplexo sob o impacto da resposta – tome coragem para balbuciar: “Como assim, nada? Não vai viajar?” “Não” “Ah, mas vai encher a cara toda a noite, né?” “Não, pelo menos não estou planejando”.
Teu amigo vai te olhar como se estivesse diante de um desconhecido. Aí, para você tentar animá-lo um pouco, você diz: “Eu estou pensando em dormir vários dias seguidos”.
Teu amigo enlouquece – juro que já vi até alguns babando! “Vai dormir? Mas para descansar a gente vai ter muito tempo depois de morrer!”. Dá vontade de responder que descansar depois de morto não repõe as energias, mas é melhor ficar calado e sorrir discretamente da filosofia de pára-choque de caminhão do seu amigo.
Aí você percebe outra das grandes merdas da vida moderna que é transformar as férias em algo parecido com o trabalho. Estressante e cansativo.

Fugitiva de Alcatraz III

Tenho amigos que adoram viajar nas férias. Passam um mês inteiro fora. Invariavelmente já querem voltar depois dos primeiros 15 dias e, quando finalmente chegam em casa, cheios de olheiras e totalmente estafados, ainda precisam passar mais dois dias fazendo faxina pesada para remover todo o mofo que se acumulou na residência fechada.
E a maioria desses amigos faz questão de te mostrar, com total orgulho, as férias infernais que teve. É aí que começam as sessões de fotos e vídeos. Ah, as sessões de fotos e vídeos!
Teus amigos aparecem sempre com o mesmo sorriso no rosto em frente às paisagens ou monumentos históricos. E ainda te contam, como se você fosse cego: “Olha eu na frente da Estátua da Liberdade! Eu do lado da placa do início da Rota 66! Eu no Grand Canyon! Nooooosa, foi ótimo! Fizemos 25 cidades em 15 dias!”.
Hum, hum.
Sempre que vejo fotos assim, me pergunto se o dito cujo pelo menos se virou para dar uma espiadinha na paisagem em volta, mas tenho vergonha de perguntar.
“Olha essa minha foto em frente a Igreja do Senhor do Bonfim!”. “E aí, como ela é por dentro?”.
“....... Ah, sei lá! Não deu tempo de entrar. Nesse dia a gente se programou para visitar TODAS as 365 igrejas de Salvador...”
Então, tá!

Fugitiva de Alcatraz IV

Pior é quando esses teus amigos descobrem que você tirou férias e não programou nada. É o caos porque eles se sentem na obrigação de ficar o tempo todo de chamando para fazer algo.
E ficam putos se você não aceita.
Acho que estou ficando velha, mas nessas férias o que eu quero mesmo é descansar. Fazer coisas simples, mas que normalmente são atropeladas pela rotina de cão.
Preparar a minha própria comida, ir no mercado comprar produtos fresquinhos, ler um livro, dormir sempre que tiver sono, dar uma volta pela cidade sem nenhum objetivo específico, dizer bom dia ao vizinho, brincar de acampamento na sala com o filho mais novo, jogar videogame com o mais velho, tomar um chope vendo o por do sol, ir ao salão de beleza no meio da semana, arriscar freqüentar uma academia. A lista é longa, mas pode ser resumida em uma única palavra “nada”.
Não fazer nada – pelo menos nada planejado – é a minha pedida nessas férias.
Sim, eu sei que essa é, para muitos, uma visão troglodita de férias, mas eu não estou nem aí. Adoro a minha caverna.

27.5.09

Ei, tem uma coisa presa no seu dente!

Me empolguei com o tema eventos macabros e vou falar de mais um:

Feijoada e/ou churrasco de confraternização - Invente que morreu se for convidado para um micão desses.

Se for "de grátis" e incluir mais de 100 pessoas que mal se conhecem é nitroglicerina pura!
Primeiro porque, sendo "de grátis", o sujeito vai comer como se nunca tivesse comido na vida. E encher a cara também.

Depois, já entupido de comida e bebida, o indivíduo toma coragem, tira as calças e se joga de cueca vermelha na piscina (achando que ninguém sabe a diferença entre cueca e sunga). Logo vem a cãimbra. É retirado pelo salva-vidas. Sai carregado. A mulher começa a gritar e o cara continua gemendo. As crianças choram. É a visão do inferno.

Do outro lado da piscina, um garoto dá um caldo em outro e os pais - já bêbados, é claro - resolvem encampar a briga. Quase vão às vias de fato e são afastados pela "turma do deixa disso". Mais mulheres gritando. Mais crianças chorando. Dupla visão do inferno.

E eu não estou exagerando, não! Já vi muito disso. Tudo mundo já viu, mas continua insistindo na catástrofe. Igual os lêmures. Afinal de contas, o abismo está aí é para isso mesmo.

Tenho um caso muito interessante para contar do tempo em que morei em Manaus. Mas podia ter acontecido em qualquer outro lugar do Brasil.

Morava em um condomínio ao lado do Clube da Caixa Econômica. Todo sábado, eu já sabia: ia ouvir umas 500 vezes o "Xote do Milagre" do grupo Falamansa.

Um sábado, estando posta em sossego, depois de ouvir o tal xote pela 250ª vez, a música é interrompida e entra uma voz masculina falando: "Gente, por favor, vamos ter calma! Tem feijoada para todo mundo! Vamos nos organizar e evitar o tumulto! Pedimos aos senhores pais que retirem as crianças da área em volta do buffet para evitar acidentes com fogo!"

JURO POR DEUS! Aconteceu assim mesmo. Acho que era a feijoada do Dia das Mães.

Gente, tá mais do que comprovado. Esse tipo de coisa não dá certo!

E coitados dos organizadores! Chega uma hora em que coisa fica incontrolável. O evento começou às 13 horas e lá pelas cinco da tarde ainda tem gente chegando. E quem está lá desde meio-dia e meia não arreda pé.

Quando finalmente as pessoas vão embora - obviamente falando mal da organização - o cenário é de terra arrasada.

Se for churrasco, a quantidade de sangue espalhada pelas mesas e no chão poderia dar a impressão que alguém foi morto ali, não fossem os restos de carne mordida e farofa.

E ainda tem o cara da cãimbra. A mulher foi embora com as crianças, morta de vergonha, e deixou o sujeito entregue à sua própria sorte.

É preciso removê-lo de debaixo do palco e despachá-lo no primeiro táxi, vestindo apenas a cueca vermelha e com o endereço anotado em um pedaço de papel.

Ufa, parece que agora acabou!

Até o ano que vem....

As mulheres e suas fórmulas milagrosas

Essa semana uma amiga me ensinou a receita de um "suco seca barriga". Inclui abacaxi, hortelã, ameixa seca, linhaça.  Segundo ela o suco é milagroso e solta o intestino que é uma beleza. 

Segundo ouvi dizer, parece que foi com essa mistura que carregaram as ogivas dos mísseis lançados essa semana pela Coreia do Norte.

A verdade é que nós, mulheres, somos capazes de beber qualquer coisa que prometa a palavra mágica "EMAGRECER!". 

Nossos olhos até brilham diante de uma "receitinha" do gênero. Mesmo sabendo, no nosso íntimo, que a única coisa que dá certo mesmo é reeducação alimentar e exercício físico.

Duvido que alguma mulher consiga resistir a um "segredinho caseiro para o emagrecimento", mesmo sendo magérrima.

A coisa pode chegar às raias do absurdo.

Tipo encontrar com aquela amiga:

- Noooooossa, como você emagreceu!

- É menina, eu tomei um suco caseiro "seca gordura" que é tiro e queda.... E é facinho de fazer. É só misturar duas colheres de soda cáustica com uma xícara de Diabo Verde e pingar sete gotas de vinagre de maçã.

- Hum, mas não faz mal não?

-Que nada, eu tô óoooooooooooootima. Tô me sentindo leve...

- Ah, tá, to vendo..... Mas e essa bolsa de colostomia aí do seu lado?

- Você reparou? Não é linda? Então, é a última moda. É da Louis Vuitton...

Murphy vive!

Uma das coisas que eu admiro sinceramente no ser humano é o otimismo. 

Aquela idiotice momentânea que nos acomete de vez em quando e que nos faz apostar que tudo vai dar certo, quando a lei das probabilidades aponta para o caos e a barbárie.

Estive pensando nisso e decidi montar uma lista de eventos que têm tudo para dar errado.

Vou dar um exemplo, o primeiro da série:

Festas do tipo "20 anos depois"- Fuja. É fracasso na certa! A menos que sejam servidos drinques de Lexotan a depressão é fulminante: O cara que você pegou nos tempos de escola virou um bagulho só e ainda fica te olhando com aquela cara de "já te comi, hein?!". 

Você mesma embagulhou e vê isso escrito na testa de todo mundo que te cumprimenta.

O nerd que era apaixonado por você - e para o qual você nunca deu bola, porque estava dando para o garoto que virou o Quasímodo - ficou podre de rico. É verdade que tá um bagulho, mas tá um bagulho com a carteira recheada.

Depois de alguns segundos de festa, a vontade geral é de cortar os pulsos.Todo mundo embagulhou e seguiu caminhos tão diferentes que não têm nem mais nada para conversar. 

E aí entra a pior parte: As recordações. Sempre, sempre, constrangedoras. 

"Lembra aquela vez que você bebeu todas e caiu na vala?" ha, ha, ha, lembro!

"E aquela vez que você foi para trás de uma árvore fazer xixi e apareceu um cachorro e você saiu correndo até a parada de ônibus com as calças arriadas?" hum, hum.... lembro!

"E teve também aquela vez que você tava com o intestino solto e soltou um pum na frente do professor e depois descobriu que tinha sujado a calça e ainda tava escorrendo pela perna?" Lembro! Lembro! CALA A BOCA, PORRA!

Não dá, definitivamente não dá!

Não há espírito de confraternização e de solidariedade entre os povos que resista a uma "Festa 20 anos depois".

Perguntar sobre a vida atual dos antigos colegas também é uma armadilha.

- E aí, como você está?

- Estou com uma grave doença degenerativa, mas o meu médico me deu alguma esperança. Tem um tratamento experimental agora no Hospital de Boston....

- Hum, peraí que eu já volto para saber o resto da história, tão me chamado ali do outro lado.

- Oi Marlene, você tem filhos, né? Já devem estar grandes... Como eles estão?

-  Bom, depois que o pai deles morreu num acidente, a gente teve que vender a casa para pagar as dívidas da empresa e eles ficam meio traumatizados sabe?  O mais velho largou a faculdade e tá fazendo terapia e o mais novo deve sair essa semana, se Deus quiser, da clínica de desintoxicação....

Melhor ficar em casa.











As crianças e o telefone

Não me entendam mal. Adoro crianças. Mas a verdade é que estamos nos deixando cada vez mais escravizar por esses adoráveis arremedos de gente -Super Nanny que o diga!

Querem ver uma coisa insuportável? É a união entre crianças e telefones. Definitivamente é coisa do demônio! 

A menos que você seja pai, mãe, avô ou avó da criaturinha, é impossível achar qualquer graça em uma conversa com um pequeno de três ou quatro anos. O problema é que, hoje em dia, são eles que, quase sempre, atendem o telefone.

Sei disso porque tenho um capetinha de quase quatro anos. Toda vez que o telefone toca me sinto disputando os 100 metros rasos para alcançar o aparelho a tempo.

Como tenho várias amigas com filhos, eu, que já não sou muito fã de conversas telefônicas, sou uma vítima contumaz dos pequeninos.

Foi constangida e imagino que a grande maioria das pessoas normais também.

O mais triste é que muitos amigos - pais, é claro - não acham o menor problema nisso e ainda estimulam o lado "operador de telemarketing" dos seus herdeiros.  

E quando o amigo te põe, do nada, para falar com o pestinha? O que você diz? "Diz para o teu pai que eu ligo depois que ele tomar o tarja preta dele?"

E quando o amigo resolve ligar para o filho na tua frente? "Oooooooooooooi, tinininho! Tedê o nhênhê di mãmã ? Tomeu toda a tomidinha? Tá tum xaudadinha? Eu to tum xaudadinha! ôooooooooooooooooooooooo cuti cuti! bexinho bexinho teté!" Eu até saio de perto!

A verdade é que tem certas coisas que, para o bem da humanidade, devem ser mantidas na intimidade e a combinação filhos pequenos e telefone é, com certeza, uma delas.  






As crianças e o telefone II

- Alô?
- .........
-ALÔ?
- (vozinha infantil) Quem tá falando?
- (Ai meu Deus! Respira fundo!) É a Simone. Sua mãe tá em casa?
- Ela tá lá no quarto!
- Chama ela para mim?
- Quem tá falando?
- (Respira! Respira!) É a Simone. Chama a sua mãe, tá bom, meu bem?
- Eu tomei banho de piscina hoje na escola!
- Que lindo! Agora, chama a sua mãe?
- O cachorro tá fazendo cocô no tapete!
- Que lindo! Agora, chama a sua mãe?
- COCÔ! hihihihihihihi!
- CHAMA A TUA MÃE!
- ............... Quem tá falando?
Som de telefone sendo atirado na parede.
 - Mamãe, a tia Simone quer falar com você!

15.5.09

De volta após longa hibernação

Atendendo aos insistentes pedidos do meu amigo Raimundo Pinto resolvi reativar este blog. A verdade é que escrever sobre coisas sérias cansa. Melhor mesmo é deixar fluir o lado negro da força.

 

Tem muita gente que acha que eu sou assim - mal humorada, metida a besta e venenosa - no meu dia-a-dia, o que é uma grande mentira. Eu sou pior.

 

De fato, o que eu estou mesmo é chocada com a falta de educação e de civilidade cada vez maiores  do ser humano. E tenho cada vez menos disposição para lidar com este tipo de situação.

 

Como não dá para sair esganando meio-mundo, compartilho com vocês as minhas reflexões ácidas. 

 

Mundo Animal


Não gosto muito de bichos. Os apreciadores dos pets assim como os meus tradicionais depreciadores vão encontrar aí a comprovação do meu caráter defeituoso.

O problema não é tanto os bichinhos, ainda que eu nunca tenha tido interesse em possuir um animal de estimação. Já conheço a vida selvagem: crio dois filhos.

Devo confessar que o grande problema, de fato, é a forma como os pets – especialmente os cachorros - são tratados pelos donos. Hoje em dia, são os cachorros que mandam nas casas. As pessoas moram lá apenas porque o totó precisa de alguém que o leve ao veterinário, sirva as refeições e recolha o cocô.

Eu só concordo com esses donos de animais em um ponto: cachorros são como filhos. E isso é uma grande verdade. Mas da mesma forma como amamos nossos filhos e cachorros, não podemos exigir que o restante do mundo se submeta às vontades dos pequenos capetas, tenham eles pêlos em excesso ou não.

É preciso estabelecer limites tanto aos filhos quanto aos cachorros e isso está faltado hoje em dia.

 

Conheço cachorros muito bem educados que podem circular tranquilamente entre as pessoas (não é, Billy?). Também conheço algumas – poucas – crianças assim. Mas, em ambos os casos, a maioria é de matar.

Já deixei, inclusive, de freqüentar a casa de alguns amigos por isso e falei francamente o motivo, usando da minha sutileza habitual: “Volto quando você deixar de tentar igualar o seu QI com o do cachorro. E desista logo porque você nunca vai alcança-lo”. 

Mundo Animal II

Quer coisa mais terrível do que gente que não prende o cachorro quando recebe visitas e o bicho insiste em ficar pulando no colo dos outros, sob o olhar complacente do dono? Se o visitante for terrivelmente alérgico, tiver um choque anafilático e morrer com o corpo todo inchado sobre o carpete, ainda é capaz de o anfitrião chamar o restante dos convidados para mostrar “o lulu fazendo gracinha lambendo a cara do fulano morto”, tirar foto e colocar na galeria do Orkut – do cachorro.

Acha que é exagero meu? Quer outro exemplo? Então lá vai: Não é de última chegar na casa de um feliz proprietário de um daqueles cachorros que dá medo só de olhar, o dito cujo ficar rosnando para você e o dono - que (claro!) não deu a mínima confiança, saiu andando na frente e te deixou para trás encarando o cão sozinho – gritar de uma distância de uns 100 metros  pelo  menos: “pode vir que ele não morde!”? Me diz se não dá vontade de acabar com a raça dessa criatura? Estou falando, é óbvio, do dono  do au au.

O que não falta é exemplo de cachorro invasivo e mal educado. Têm, por exemplo, aqueles cãezinhos pequenos totalmente histéricos e neurastênicos que latem compulsivamente na sua presença. E ninguém da casa faz nada. Eu invento uma desculpa e saio correndo.

Mas se depois de tudo isso você ainda não se convenceu, não deixe de ver o vídeo abaixo. Talvez você já o conheça porque ele se tornou muito popular na internet.  Ele é engraçadíssimo e só fez reforçar a minha idéia de que apenas pessoas com uma alma muito desenvolvida são capazes de criar animais.

Mundo Animal III

A coitada da “réia” vai visitar os amigos e acaba vítima do cachorro.

Eu cortava imediatamente as relações com os donos da casa.

 O pior é que, do jeito que as coisa andam, os donos da casa além de não terem feito nada para salvar a senhora da situação constrangedora, ainda devem ter falado. “Ooooooolha, coitadinho do Rex, ele anda se sentindo tão solitário nos últimos tempos. Ele precisa extravasar, por para fora essa energia..... Será que foi porque ele comeu a caixa de Viagra do Armando?”