24.11.09

Homens, ah os homens! I

Outro dia, um amigo dos tempos de adolescência entrou no MSN comigo para reclamar da minha observação sobre homens que usam meia na hora da transa. Ele mora em Curitiba e disse que eu só falei isso porque não sei o que é frio de verdade.

Ai eu perguntei se, quando estava frio, ele transava vestido e ele me respondeu que não. “Então, se você já está com tudo de fora no frio porque continua com o diabo da meia?” Ele concordou, mas disse que eu era muito feminista.

Não sou não. E, para provar, vou fazer a defesa dos homens.

Nós, mulheres temos uma tendência a achar que os homens são cafajestes, o que é uma mentira.

Homens são simplesmente homens.

E homens são orgulhosos da sua masculinidade.

Tenho um amigo que me confessou que seu ponto fraco é quando uma mulher diz “você não é homem para...”. Aí ele fica doido e é capaz de fazer qualquer merda. Eu, se fosse a namorada do meu amigo, aproveitava essa macheza toda de forma positiva. Saia logo aloprando: “duvido que você seja homem para lavar toda a louça da pia, varrer a casa e limpar os banheiros!”

Já disse que qualquer representante do sexo masculino – mas qualquer um mesmo, por mais pavoroso que ele seja – acredita firmemente que pode comer qualquer mulher. E mais: Que todas as mulheres do mundo querem dar para ele.

E uma das formas deles mostrarem a sua masculinidade é sair comendo todas as que dão mole.

Ouvi de vários amigos que, sendo mulher e dando mole, ele topa qualquer parada. Mais ou menos no estilo “mijou de cócoras, não é sapo, tô comendo”.

Mas, a favor da raça masculina, é preciso dizer que eles têm uma lógica cartesiana. A menos que se trate de um caso patológico, o cara deixa isso claro logo no primeiro encontro. A gente é que, quase sempre, não quer ver.

Na maioria das vezes, eles te avisam, mas você é quem insiste em cair no erro.

Se o cara sai da boate diretamente para o motel com você, são raras as chances de ele querer um relacionamento sério.

Se ele diz que é melhor que ele te ligue, é porque ele não quer olhar na sua cara nunca mais.

Se o programa de vocês se resume a sair para transar, não precisa nem dizer, né? É ÓBVIO que ele só quer te comer! E tem mulher que ainda não consegue ver isso!

É claro que no meio do caminho ele pode descobrir que você é a mulher da vida dele, mas isso é muito raro.

Homens, ah os homens! II

Ainda que ele se apaixone perdidamente por você, lá no fundo, persistirá a alma comedora.
Eu, particularmente, acredito que a maioria dos homens fiéis só não trai ou porque tem medo da mulher ou por falta de oportunidade.

Minha amiga, fique certa. Esqueça completamente essa história de que mesmo o mais errado dos homens pode mudar se você se esforçar para isso. Esse é um dos erros mais comuns que cometemos.

Homens não podem ser adestrados!

Ninguém muda completamente a personalidade já adulto. E você jura mesmo que ia querer este trabalhão para você? Nunca esqueça: mãe ele já tem uma ( se não tiver, azar o dele!) e enfermeira, ele pode muito bem contratar. E se não pode, por que é que você está perdendo tempo com esse pé-rapado?

As pessoas são como elas são. Não é justo tentar mudá-las. É claro que, se ele gostar de fato de você, vai fazer algumas concessões. Mas não pense em metamorfoses.

Deixe o coitado ser como ele é. Aceite-o, ou então siga em frente.

Eu já sofri isso na pele e sei como é chato ter alguém tentando te mudar. Tive um namorado que conheci na minha melhor fase bagaceira. Quando ele me viu pela primeira vez eu estava no Lapinha ( para os que não viveram esse época, um puteiro high society daqui de Belém muito famoso até o início dos anos 90), agarrada com uma garrafa quase vazia de uísque e fumando feito uma condenada. Devia ser umas três da manhã. Saímos de lá direto para o motel. (Tá vendo como toda regra tem exceções?).

O problema é que, passado um mês de namoro, o cara começou a encrencar. Dizia para eu parar de beber, parar de fumar, que eu não devia chegar tarde em casa, que eu devia reduzir as farras.... Um inferno.

Aí não dá, né? Pô, o cara me conheceu bêbada, de madrugada no Lapinha e não deu para desconfiar que eu era da bagaça?

Queria que eu virasse, o quê? Uma carmelita?

Adoro meus estivadores!

Gente, eu preciso confessar: me encontrei nos treinos de boxe. Primeiro, porque estou praticando esse esporte numa academia de macho. Ops, não me entendam mal. Não decidi mudar radicalmente minha opção sexual nestas férias.

Digo que a minha academia é de macho porque não tem as frescuras típicas de academia. É um local onde estivadores treinam boxe. Só que eles só chegam à noite e eu treino nas minhas tardes de ócio.

As paredes clamam por uma pintura, os sacos de areia estão para lá de usados e, o que me deixa mais feliz: os espelhos se reduzem a dois colocados em uma parede esquecida.

A academia é tudo de bom também porque todo mundo já descobriu que o boxe queima até 700 calorias por hora. E, à tarde, enquanto os estivadores ainda carregam sacos no porto, um punhado de gordinhos fora de forma invade o salão de treino. Quase todo mundo da minha turma é maior do que eu! Adoro!

Quem freqüenta a minha academia está interessado em perder peso e ganhar condicionamento físico, O que menos importa é a maneira como você está vestido. Dá para ir todo largado que ninguém está nem aí. Para mim e para a grande parcela da população que está totalmente fora de forma, essa é a visão do paraíso.

As pessoas normais chegam a uma academia morrendo de vontade de sair correndo e o ambiente quase nunca ajuda.

Todas as paredes são recobertas de espelho, quando a última coisa que você quer ver é o seu corpo refletido em qualquer lugar. Principalmente se do seu lado têm um saradão ou uma saradona malhando.

Tudo, nas academias tradicionais, é feito para constranger os pobres mortais sedentários. Não acho que seja deliberado, mas penso que se os donos de academia começassem a se ligar nisso veriam hordas de balofos correndo em direção às suas portas.

E, meus caros donos de academia, fiquem certos que há mais gente fora de forma do que saradões no meio da população.

Aliás, já repararam que só têm gente em forma nas academias? E vestindo a última moda em sportwear? Parece que esse povo nasceu fazendo musculação. Nada mais broxante.

Meu médico e acupunturista, antes de eu descobrir o paraíso dos estivadores, chegou a me recomendar a academia onde ele malha. Fica na mesma rua onde eu moro e a apenas uma quadra de distância.

Resolvi ir lá e não passei da porta. A Academia tem dois andares de PAREDES DE VIDRO!!!

O pessoal que circula por lá, então, nem parece gente. Parece modelo de comercial de anabolizante.

Sinceramente, a última coisa que eu ia querer era suar numa vitrine com um monte de gente super malhada ao meu lado. Até porque ia acabar virando a atração da rua. Quando o pessoal menos esperasse, já ia ter uma multidão gargalhando na frente da academia. Não ia demorar muito e ia até ter flanelinha vendendo ingresso....

Tratamentos estéticos I

Resolvi investir o dinheiro das minhas férias em tratamentos estéticos. Tudo começou com a minha busca por um acupunturista para reduzir meu estresse e a minha ansiedade. Ai, quando eu já estava lá na clínica, achei que, se já estava pagando alguém para encher a minha orelha de semente de mostarda e me enfiar agulhas duas vezes por semana, por que não calçar de vez as pantufas de jaca?

O cardápio de tratamentos estéticos da clínica é bastante amplo. Estou fazendo, por exemplo, drenagem linfática. No meu caso é praticamente uma “macrodrenagem linfática". Tenho medo de que, caso o prefeito descubra, queira colocar uma placa anunciando a obra na porta da sala de massagem.

Também estou fazendo uma tal de corrente russa. É uma coisa muito semelhante ao eletrochoque. Só que o que frita são as suas gorduras e não seu cérebro. Três vezes na semana a minha esteticista me amarra em uma maca e me aplica choques. Só não digo que é medieval porque na Idade Média não tinha eletricidade.

Dá até para desconfiar porque foram os russos que inventaram isso. Deve ter surgido nos porões da KGB. “Camarada Ivanovna, confesse seus crimes contra a pátria ou iremos aplicar choques!”. Aí, duas semanas depois, a Ivanovna bate na porta da KGB clamando: “olha, aqueles choques que vocês me deram ajudaram a reduzir a minha flacidez nas coxas! Não têm mais nada que vocês querem que eu confesse? Por favor! Por favor!”

Na próxima semana eu começo o forninho, mas já me certifiquei: não tem nenhuma sessão de gás antes de ir para a estufa.

Tratamentos Estéticos II

De volta à camarada Ivanovna, nós, mulheres, somos capazes de fazer qualquer sacrifício se há ao menos uma promessa de ficarmos mais bonitas.

Duvido que um homem encare a nossa rotina mensal de tratamentos estéticos. Bom, tem alguns que encaram, mas são poucos e não bons exemplos do homem médio.

Aquele ser com mais de 35 anos “que gosta de mulher e se comporta como homem”, na definição de um ex-namorado meu, um jornalista carioca que acredita, inclusive, que esta é uma categoria em extinção e que deveriam criar uma ONG para tentar preservar a espécie.

Bom, mas duvido que a maioria dos homens enfrente numa boa uma sessão de depilação com cera, por exemplo. Ou que tal delinear as sobrancelhas com pinça?

Uma vez, eu estava esperando na clínica de depilação. Tinha umas outras três mulheres esperando a vez até que, de uma das salas, começaram a sair gritos, uivos, choros parecia que um infeliz estava sendo escalpelado. A situação era tão ridícula que todo mundo começou a gargalhar na sala de espera.

Até que, passados alguns minutos, surge, na porta da tal sala, um homem. Ele passa por nós e sai de lá cabisbaixo e completamente humilhado. Ele tinha ido tirar a barba pela primeira vez. As outras mulheres me contaram que ele tinha entrado lá todo risonho e tirando sarro do mulheril. Hum, hum...

23.11.09

Corra que os 80 vêm aí! I



Quem me conhece um pouco sabe que eu sou fascinada pelos anos 80. Não era para menos. Foi a época da minha adolescência. O meu período dourado. Parte dos anos 80 eu passei em São Paulo e parte em Belém.

Na primeira metade da década eu morava em uma vila militar, no distrito de Vicente de Carvalho, no Guarujá. O fato de morarmos em um local com alguma proteção fazia com que nossas mães nos deixassem bastante à vontade.

E nós aproveitávamos ao máximo a nossa liberdade. Penso que boa parte da revolução sexual que começou nos anos 60 e continuou pelas décadas seguintes se deu nas esquinas escuras das vilas militares pelo Brasil inteiro.

Pelo menos é o que eu ouço de outros filhos de militares que tiveram experiências semelhantes na mesma época e em lugares diferentes.

Éramos pré-adolescentes e estávamos na fase dos bailinhos de garagem, enquanto trocávamos os primeiros beijos e amassos.

Normalmente, as festinhas começavam com roquinhos do A-ha, Legião Urbana, Barão Vermelho, Michel Jackson (ainda preto e ainda vivo), Kid Abelha e os Abóboras Selvagens, Supertramp e, depois que a festa engatava, começavam as musiquinhas “mela-cueca”, ou, como diz um conhecido, a parte da “música internacional lenta”.

Aí era o salve-se quem puder. Era a hora de arrumar alguém que depois ira te levar em casa e te pegar no escuro.

Curti muito essa fase. Talvez até demais. A volta para Belém acabou sendo providencial porque eu já tinha passado na mão – ou melhor, eles já tinham me passado a mão - de quase todos os garotos da vila e estava começando a ganhar a fama de “galinha”. Outra coisa bem comum nos anos 80.

Hoje em dia, você não fica mais falada. Você vira celebridade instantânea, mas para isso é preciso ter desenvoltura de profissional do pornô. É, os tempos mudam.

Naquela época não existiam celulares, fazer vídeos era só para quem tinha muita grana e “cair de boca” era só força de expressão. Pelo menos para a nossa turminha de pré-adolescentes.

Depois, já em Belém, na segunda metade dos 80, as farras ficaram mais pesadas. Nossa geração descobriu quase ao mesmo tempo o sexo e a AIDS, que levou muitos de nós ainda muito jovens e transformou o começo dos anos 90 em um período muito difícil.

Também curti muito essa fase.

E não só eu. Muita gente. Os anos 80 são cultuados por milhares de pessoas.

Até aí tudo bem.

O está me dando arrepios nos últimos dias é que a moda dos anos 80 está voltando com tudo.
Esqueça o calendário Maia. Isso, sim, é o fim do mundo!

Corra que os 80 vêm aí! II


E eu achando que aquele primor de cafonália com que a gente se vestia nos anos 80 estava eternamente condenado àqueles álbuns de foto que a gente não tem coragem de mostrar para ninguém.


Lembra daquelas saiazinhas de lycra? Pois é, elas estão voltando em outros materiais e com o nome modernizado para bandage.

E as saias balonê, que te deixavam com o aspecto de um embrulho? Também estão aí com tudo.
As calças centropeito – baggy e semi-baggy - também, aos poucos, voltam a se instalar. Estamos retornando ao tempo em que a cintura começa poucos centímetros abaixo do sovaco!


Ontem descobri mais uma novidade que fez o meu coração gelar. As indústrias estão voltando a fabricar sutiã com ombreira!

Eu quero morrer do meu coração!


Gente, vamos combinar. Os anos 80 foram o fim da moda!


E os cabelos! A gente podia escolher entre o corte que deixava a gente com cara de poodle ou o que deixava a gente com cara de samambaia de metro. Acho que os cabeleireiros tinham um prazer sádico em pensar formas de deixar as pessoas ridículas. O penteado “bacana” era aquele que deixava a gente descabelado, com os cortes “estaqueados”. Nunca soube o que isso queria dizer.

Será que eles estavam prevendo o futuro? Sabiam que dali a 10 anos íamos olhar para as fotos e tentar cravar um monte de estacas no coração?

Ou então a onda era passar litros de gel no cabelo para obter o “efeito molhado”. Ou então fazer competição para ver quem tinha o maior “mullet”, no caso dos garotos. Para quem não sabe o que é basta lembrar do cabelo “chitãozinho e xororó”, fase um.

Corra que os 80 vêm aí! III


Os ícones da moda nos anos 80 – que estão voltando agora, cruzes! – foram as coisas de mais mau gosto que o mundinho fashion produziu.


Duvida?


Polainas – Viraram febre depois do filme Flashdance (um roteiro anos 80 total. A garota era dançarina de inferninho e trabalhava no meio de um monte de homens como soldadora, mas era virginal e católica fervorosa). Todas as garotas usavam e em todos os lugares. A combinação preferida era por cima da sandália de salto alto ou da melissinha. E tinha que ter listras com todas as cores do mundo. E ficar toda embolada em volta do tornozelo.

Cores cítricas – O pior nem era usar verde limão. O pior é que, para estar na moda, a gente misturava váaaaaaaarias cores. E estampas também. Calça xadrez verde limão com camisa roxa e tênis All Star laranja era uma combinação perfeitamente normal naqueles tempos. Eu diria quase básica. Nem o Tiririca conseguiria pensar em uma visual tão original. Como é que não tinha ninguém para dizer que a gente estava ridículo é uma coisa que não entendo até hoje.


Laço de tule no cabelo – Podia ser de outros materiais também, mas os de tule eram os preferidos por causa da Madona e da Cindy Lauper. E tinham que ser enormes! Afinal, ser 80 era ser over. Não tinha quem não ficasse com cara de faxineira. Aliás o tule foi um tecido muito usado nesse período. Aposto que muitos mosquiteiros foram destruídos por adolescentes para se transfomarem em saias, blusas transparentes com o sutiã aparecendo, e luvinhas cortadas nos dedos. Acho até que é por isso que naquela época não tínhamos surtos de dengue.


Pano, muito pano – A indústria têxtil brasileira deve ter vivido seu apogeu durante os anos 80. A mais simples das blusas consumia, pelo menos, uns cinco metros de tecido. Tudo era muito grande. O bacana era usar manga morcego e golas enormes. Tudo isso preso por um cinto apertadíssimo na cintura. A silhueta de um típico representante dos anos 80 era muito semelhante a uma gravata borboleta em pé.

As terríveis ombreiras – Mesmo quem tinha pescoço ficava com cara de Frankenstein. Para quem não tinha, o ombro acabava na altura das orelhas.




Blazer com a manga enrolada junto com a camisa – Era um clássico para os homens. Dá para imaginar isso?


As atrocidades dos anos 80 incluem ainda maquiagem carregada no vermelho e no cor de rosa. A gente ficava com cara de quem tinha acabado de pegar muito soco, mas achava lindo.


Na verdade a lista é extensa. Os anos 80 foram o fim. Mas já vi muito comentarista de moda que eu respeito –ou respeitava – dizendo que a moda dos 80 não foi tão ruim assim. Que as propostas eram criativas e autênticas, etc, etc...


Tudo isso para justificar o injustificável.


É, acho que vou ficar na minha caverna no alto das montanhas até o tsunami 80 passar.

19.11.09

Os homens e o sexo I

O último item da lista de homens broxantes me fez lembrar outro tema interessante. A dificuldade que as mulheres têm para encontrar um homem bom de cama. Se você é uma dessas felizardas, amarre esse cara no pé da sua cama. E diga para ele que você está fazendo isso porque a-do-ra bondage.

Meninos, infelizmente essa é a realidade. Poucos de vocês sabem, realmente, enlouquecer – no bom sentido – uma mulher durante o sexo.

Sei que o que eu vou escrever aqui não vai fazer muita diferença para vocês, homens. Um das coisas que eu admiro é a autoconfiança masculina. O cara pode ser deformado, gordo, fedorento, a própria visão do inferno, mas ele sempre acha que todas as mulheres estão loucas para transar com ele. E ainda fica ofendido quando leva um fora.

Lembro uma vez que estava em um bar com uma amiga. Aí um cara bêbado e com um aspecto de quem não tomava banho há uns três dias se aproximou para puxar conversa.

Ainda não entendi porque os homens acham que ficam mais interessantes quando estão bêbados.
A última coisa que um homem bêbado deve fazer é se aproximar de uma mulher. Até porque nada vai funcionar direito. É decepção na certa.

Bom, voltando ao cara no bar. Ele começou a fazer gracinhas e eu, com a minha delicadeza habitual, disse para ele que a gente não estava a fim. O cara ficou puto. Parou um instante. Foi para a frente do bar, parou de novo, aí voltou, me encarou e berrou “ABESTADA!”. Eu só não ri na hora porque fiquei com medo que ele estivesse armado.

Homens são assim mesmo. Totalmente sem noção.

Mas eu acho que tem coisas que vocês, meninos, precisam saber.

Os homens e o sexo II

Uma questão importante para qualquer homem é o tamanho da ferramenta. De verdade, as mulheres não ligam muito para isso se o cara sabe fazer direitinho.

É claro que toda regra tem exceções. Tenho uma amiga que começou a namorar um negão enorme, mas o namoro acabou rapidinho quando ela descobriu que o companheiro tinha pau pequeno.

Aí eu tenho que concordar com ela, porque negão de pau pequeno é praticamente uma forma de estelionato. Na maioria dos casos, porém, a gente não se prende a esses detalhes.
Há outros muito mais importantes.

Querem ver? As preliminares. Acho incrível que os homens, que gostam tanto de carros, ainda não tenham aprendido que não dá para engatar a quarta sem antes passar pela primeira, pela segunda...

Me lembra uma comédia da década de 80 chamada “Three Amigos!”. Tem uma hora em que a mocinha do filme é obrigada a casar com o bandidão, o “El Guapo”. Aí, na véspera do casamento, a mãe dela chama para um conversa e pergunta: “você sabe o que são preliminares?” A garota responde que não e a mãe completa: “Melhor assim, El Guapo também não”.

Infelizmente El Guapo não está sozinho. A maioria dos homens pensa que basta o pau levantar que já dá para começar a função. Aliás, tenho percebido com parceiros da minha idade – por volta dos 40 anos – que quando o colega se apresenta já é quase um gozo. O cara fica aliviado! E você que se dê por satisfeita!

E o clitóris? A maioria dos homens, diante dele, se comporta como alguém que comprou alguma daquelas bugigangas quem vendem em programas de TV. Sabe para o que serve, mas não tem muita idéia de como usar.

Tem homem que acha que clitóris funciona igual à lâmpada do Aladim. E fica esfregando como se estivesse lavando roupa no tanque. O que será que ele pensa? Que vai sair um gênio dali de dentro? Desista!

Sobre ponto G, então, é melhor nem comentar. A maioria do povo do sexo masculino acredita firmemente que o ponto G é uma invenção feminina criada apenas para o constrangimento do parceiro. E simplesmente ignora.

Os homens e o sexo III

E quando o cara resolve inventar posições? Ele jura que você é yogini, joga as suas pernas para todos os lados, dobra a sua coluna e foda-se se você tem escoliose. Tem os que ainda perguntam: "E aí, tá gostoso assim?” “Tá, meu bem, tá ótimo, mas eu acho que fiquei tetraplégica”.

Pior ainda quando ele pensa que a tua cabeça é uma bola de basquete e fica te empurrando para todos os lados com as duas mãos. Você termina a transa completamente zonza e ele achando que você está com aquele olhar esquisito porque gozou!

Aliás, essa é uma das poucas horas em que homem lembra que mulher tem cabeça. Boa parte dos nossos parceiros pensa que faz parte da transa fazer a companheira bater o cocoruto na cabeceira da cama.

Tem cara que vai se empolgando cada vez mais porque você está gemendo. Mal ele sabe que você está gemendo, sim, mas é de dor!

Trepada perigosíssima!

Soube de um caso em que a coitada morreu. Ela tava de quatro e o cara foi com tanta sede ao pote – digamos assim – que a pobre se desequilibrou bateu a cabeça e quebrou o pescoço na parede do motel. Cruzes!

Os homens e o sexo IV

E quando eles resolvem, por conta própria, “apimentar” a relação? É desgraça quase certa.
Tive um namorado que uma vez me apareceu na porta do quarto fazendo pose trajando cueca, máscara e de chicote na mão! Acabou a trepada na hora! Eu passei o resto da noite chorando de rir e com o cara puto no outro lado da cama.

Sexo oral é outra complicação. Eles sempre querem que você faça, mas nem sempre se lembram de fazer em você. Em resumo, eles querem tudo e você que se vire – literalmente.

Dizem que a primeira ruga de uma mulher aparece quando ele te pede para chupar. E a segunda, quando ele pede para te comer por trás. Tire suas próprias conclusões.

Tantos equívocos me levam a crer que, em boa parte dos casos, quando uma mulher começa a dizer “Não pára! Não pára!” na cama, o que ela quer dizer mesmo é “Você não pára de fazer merda, hein?”.

Se você é homem e chegou até esta parte do texto, já deve ter dado umas boas risadas e, claro, achado que com você é totalmente diferente.

Mas será?

Experimente dar esse texto para a sua parceira ler. Se ela abrir um sorriso e concordar com a cabeça, acho melhor você começar a ficar preocupado...

18.11.09

Coisas broxantes em um homem

Esse papo todo de supermercado, que vocês podem conferir aí em baixo, acabou me inspirando a escrever uma lista.

Uma lista de coisas que considero broxantes em um homem. E ,devo dizer, que a maioria das mulheres também acha.

Não fechei um número até porque, quando se trata de homem, a capacidade que eles têm de serem ridículos é praticamente infinita. E o pior é que a gente não consegue viver sem eles.

Confira aí as minhas preferências:

Homem de meia – Meia é, quase sempre, um problema. Tem aqueles caras que misturam tênis com meia no meio da canela. Alguns vão ainda mais longe e usam meia social. Totalmente aterrorizante é o cara que usa mocassim (Acredite, ainda tem homem que usa mocassim!) com meia. Papete com meia também é o fim. Mas o pior que pode te acontecer, mesmo, é estar deitada na cama quando o seu parceiro surge, na contraluz da porta do banheiro trajando apenas cuecas e M-E-I-A! E ainda se joga na cama DE MEIA! O meu conselho é: Pule a janela mesmo que esteja no décimo primeiro andar. Pelo menos terá uma morte honrosa.

Homem de pochete – Se ele não for um repórter fotográfico que está usando o acessório para guardar sua lentes, fuja correndo. Quer saber por que? Porque homem quando usa pochete, o objeto vira praticamente uma parte do corpo. E vai chegar um dia em que você vai ter que encarar o cara usando pochete por cima da sunga na piscina ou na praia.

Homem de sunga – É o mesmo caso dos biquínis para as mulheres. Depois dos 30, só dá para usar se o cara for sarado. Se não, é a visão do inferno! A barriga acaba cobrindo uma parte da sunga. Sem falar que também aperta na coxa e a perna do cara fica parecendo um gomo de lingüiça. Mais digno, nessa situação, é usar uma bermuda. Se o cara tiver a virilha peluda, a sunga vai acabar dando uma assadura danada. E adivinha quem vai ter que passar o hipoglós?

Homem de esmalte – Adoro mãos de homem bem cuidadas, mas daí a finalizar a manicure com esmalte incolor é de doer! Não tem nada mais brega! Se ele tem coragem de usar base nas unhas, tem coragem para qualquer coisa. Inclusive para palitar os dentes na sua frente. O que me lembra mais um tipo de homem broxante.

Homem sem limite – É aquele cara que pensa que intimidade significa “liberou geral”. Ele pensa que só porque você já o viu nu centenas de vezes, pode agora coçar o saco, tirar meleca do nariz, arrotar, bater na barriga, peidar, cortar as unhas do pé e cagar de porta aberta na tua frente. Melhor parar por aqui.

Homem sem noção para roupa – É um tipinho triste. Acha que roupa de ginástica é short trilobal com camisa estilo machão e, para fechar “com chave ouro”, tênis e meia no meio da canela. Já para o dia-a-dia adora uma calça jeans apertada no culhão ou pior, tão frouxa que você até duvida que ele tenha culhão. Ou mistura calça branca com cueca vermelha. Aliás calça branca, se não for para um médico, é melhor evitar. O cara sempre acaba com ar de dançarino de carimbó. Sapato branco, então, só tênis. E isso mesmo para os médicos. Ainda tem os caras que enchem o bolso da camisa de bagulho e ela fica pendendo para um lado, completamente torta. Já deu para perceber que a falta de gosto masculina é pródiga, né?

Homem com pasta de notebook – A menos que o cara tenha um notebook, esse tipo de pasta virou uma espécie de 007 dos tempos modernos. Uma praga! E só serve para carregar tranqueira. Aliás, mesmo que o cara tenha um notebook é muito mais charmoso usar uma mochila para carregar o aparelho.

Homem que fala atrocidades na cama – Imagine a cena. A transa tá chegando no melhor e, de repente, o camarada começa a gritar: “ arreganha, vai arreganhaaaa!”. Sem comentários. Não me entendam mal. Eu acho super excitante falar durante a transa. Vale “gostosa, tesuda, vai enfia tudo...”, mas “arreganha”? Não dá. Certa vez ouvi um colega de trabalho dizendo que ia “escovar uma vala” aquela noite. Imaginei o tipo de mulher que ele ia encarar. Tem os caras que não superaram a fase ornitológica e chamam o membro de pinto, piu-piu, peru e por aí vai. Corta qualquer tesão ouvir: “Vai tarada, brinca com o meu piu-piu...”. Meninos, vamos combinar uma coisa? Nossos filhos têm pinto. Nossos namorados devem ter pau! E quando o cara te convida para “fazer um amor gostoso”? Eu penso logo em um papai-mamãe muito insosso. Fazer amor é para quem não sabe trepar! E, como diz a sabedoria popular, em homem que não sabe trepar até a pica atrapalha.

Bom, tem muitos outros tipos brochantes, mas eu vou parar por aqui, senão a lista fica muito extensa.

Entendeu porque eu estou sem namorado, né?

Supermercado, tô fora! I

Não sei quando surgiu esse trauma, mas ele está associado ao meu total horror a ir a qualquer lugar onde eu tenha que enfrentar uma fila.

Os caixas de banco de Belém que o digam, mas essa já é história para um outro dia.
Quando morava sozinha, só encarava dirigir um carrinho de arame quando já está faltando o básico, tipo papel higiênico.

Tenho amigos que, ao contrário de mim, adoram.

Eu, sinceramente, não consigo ver prazer em empurrar um carrinho por corredores cada vez mais estreitos, onde as pessoas se comportam como se estivessem no trânsito de Belém. Te fecham, te cortam, colocam o carrinho no meio da passagem, estacionam em fila dupla, passam por cima do teu pé. Um inferno, em resumo.

E dentro do supermercado tem um monte de fila. Tem a fila da pesagem dos legumes, onde sempre, mas sempre, tem uma criatura que faz cara de retardada e tenta passar na frente dos outros.

Tem a fila para comprar frios. É onde surge uma pessoa na tua frente que aparentemente quer se transformar em um especialista em conservas, frios e embutidos. E demora horas e pergunta tudo, como se o atendente fosse responder com sinceridade. “Essa lingüiça é boa?”. “Não, minha senhora. Essa lingüiça é uma merda e, aliás, já está até fora do prazo de validade, por isso estamos vendendo a granel e na promoção”.

Você consegue imaginar isso? Pois é.

Supermercado, tô fora! II

Supermercado também tem outras coisas insuportáveis. Escolher produtos, por exemplo, é a visão do inferno. Desconfio que as indústrias devem ter um departamento específico que fica bolando maneiras de massacrar o pobre consumidor.

A indústria de amaciante para roupa é, com certeza, uma delas. Já tentou escolher um pelo cheiro descrito no rótulo? É absolutamente impossível.

Impossível porque as indústrias não podem facilitar a tua vida escrevendo “erva doce”, “lavanda” ou “flores do campo”. As fragrâncias agora são “carinho”, “doces lembranças” e “momentos felizes”, não é uma coisa de doido?

Que cheiro tem “momentos felizes”? Para algumas pessoas momentos felizes podem ter cheiro de pizza. Ou de cerveja. Ou de chocolate, sei lá!

Por que é que não dá para simplificar a coisa e colocar um nome que pelo menos lembre algum cheiro conhecido tipo “ alfazema”, ou “bodum de camiseta suada”, que seja?

Para resolver o problema, eu acabo abrindo as embalagens para sentir o cheiro e escolher se quero as minhas roupas com odor de “carinho de mãe” ou “fofura sem fim”. É dose! Acabo ficando intoxicada no final das contas.

E se esses produtos forem viciantes? Já pensou, eu viciada em amaciante de roupa? Ia ser uma tragédia. E se todo mundo ficasse viciado?

Imagino a cena. Dois seguranças de supermercado conversam pelo walk talk: “Atento, Pantoja. Tem mais uma senhora viciada em amaciante no supermercado. Ela pegou uma embalagem de Fofo, escondeu debaixo da camiseta e tá cheirando lá no corredor três do setor de descartáveis...” “Ok, positivo e operante, Ramalho. Tô indo para lá!” Definitivamente, não dá!

Se você não acha isso suficiente, tem mais.

Supermercado, tô fora! III

Querem ver outra coisa irritante, na minha opinião? É aquela gente que arruma os produtos direitinho no carrinho, separando áreas específicas para frutas e legumes, para grãos e para produtos de limpeza.

Morro de inveja, confesso. Meu carrinho é um pandemônio. Sempre acabo com algum produto esmagado pelo peso de outro, mesmo quando eu faço de tudo para arrumar. Será que tem um curso que a gente possa frequentar? Se tiver, me avisem.

Isso me irrita porque me sinto uma total fracassada. Mas, pensando bem, esse povo que arruma milimetricamente o carrinho deve ser aquela mesma gente que cola etiquetas nas gavetas para saber onde estão as meias brancas e as coloridas. Cruzes!

E se você consegue sobreviver a tudo isso, ainda tem a fila do caixa. Ah, a fila do caixa! Deve ser um dos castigos do inferno.

Sempre tem um cara se fazendo de leso com um carrinho cheio na fila preferencial para cestas ou para compras até dez produtos. É aborrecimento certo!

E aquele pessoal totalmente sem noção que sai pegando as coisas no supermercado e quando chega no caixa perde um tempão decidindo o que levar?

Sem falar naquele povo que põe uma pessoa para marcar lugar na fila e depois aparece com dois carrinhos abarrotados. Eu não sei se isso acontece com você, mas sempre tem um desses na minha frente.

Outro personagem típico é o apressadinho. Você mal acabou de colocar suas mercadorias na esteira e ele já está enfiando os produtos dele. Dá vontade de perguntar se ele quer que eu pague as compras dele também.

Chegando em casa, só para piorar seu astral, ainda tem o drama de guardar todas as compras. Sinceramente, essa vida não é para mim.

Sobre mulheres e dietas I

Eu já escrevi aqui sobre esse tema, mas é impossível não voltar a ele quando se fala sobre o universo feminino.

Não conheço nenhuma mulher que não esteja começando uma dieta ou que não tenha planos de começar uma. Isso quando ela já não está de dieta.

É ponto pacífico que todas as mulheres do mundo, ainda que já estejam pele e osso, não conseguem se olhar no espelho sem pensar que precisam perder pelo menos dois quilos.
Tenho um amigo – muito sacana por sinal – que adora brincar com a vaidade feminina. Ele é o demo! Não pode chegar perto de uma mulher que vai logo dizendo: “Nossa, você emagreceu!”. E olha que a criatura pode até parecer um botijão de gás vestido de gente, mas invariavelmente abre um sorriso e diz “Você reparou? Acho que perdi uns dois quilos...”. Invariavelmente, também, meu amigo se afasta com um sorriso cínico: conseguiu provar, mais uma vez, a verdadeira obsessão que as mulheres têm com o peso.

É sim, somos obcecadas pelo nosso peso. Mas é verdade também que o mundo a nossa volta não ajuda. Só quem é mulher pode entender o drama que é entrar em um provador de loja, por exemplo.

Só pode ter surgido da mente insana de um homem a idéia de colocar luz fria nos provadores. O espaço vira uma verdadeira câmara de tortura. A última coisa que você precisa em um cubículo cercado de espelhos por todos os lados é de uma luz intensa. Você olha e aparecem celulites até na cara! Uma coisa pavorosa!

O provador dos meus sonhos tinha que ter som ambiente – para disfarçar o nosso choro -, luz indireta e um espelho que deixasse a gente mais magra. Afinal de contas, quem quer ser confrontada com a realidade quando se está de calcinha e sutiã, suando para se enfiar dentro de um vestido que você jura que é o seu número e com uma vendedora gritando por trás da cortina: “Se não servir, nós temos esse modelo em tamanho maior!”?

Mas voltando ao quesito dietas. Eu resolvi fazer uma dieta (ahá!) e para dar uma forcinha procurei um acupunturista para tratar minha ansiedade.

Acredito que pelo menos metade das mulheres que conheço engorda porque é ansiosa. Desconta as frustrações na comida.

Sobre mulheres e dietas II

Desenvolvi a teoria de que, no caso feminino, não são as comidas que contêm calorias. A vida é que é altamente calórica.

Quer um exemplo simples? O drama do telefonema no dia seguinte. Todas as mulheres já passaram por isso e é uma situação que acrescenta pelo menos três mil calorias à sua alimentação diária.

Não importa se o cara era feio feito a necessidade, se trepou mal ou se sequer pegou o seu número de telefone. No dia seguinte a uma noite de transa toda mulher sempre pensa: “Será que ele vai me ligar depois da noite de ontem?”

Para aliviar a espera – sim, porque você pode até nem querer que o cara ligue, mas vai ficar puta se ele não ligar para poder, você mesma, dispensá-lo – consome-se toneladas de bombons, batatas fritas, sorvetes e o que mais tiver em casa ou escondido nas gavetas no trabalho.

E, enquanto você engorda, o sacana está feliz da vida saracoteando com outra. E só esse pensamento já contêm mais duas mil calorias.No meu caso, o que me engorda mesmo é a ansiedade gerada pelo trabalho.

Se largasse o meu emprego tenho certeza que secaria.

Até porque ia ficar sem nada na geladeira de casa.

Sobre mulheres e Dietas III

Noite dessas comentei sobre o meu tratamento com uma amiga. Ela também está de dieta (ahá!) e me falou maravilhas da adaptação que fez, por conta própria, da dieta de proteínas e que a fez perder três quilos em uma semana.

Sim, porque mulher que é mulher de verdade cria a sua própria dieta. Endocrinologista e nutrólogo é para os fracos! O que é uma anemia profunda, um desmaio ou até mesmo uma parada cardíaca? O importante é sermos carregadas em uma maca para o hospital – desacordadas, é verdade – pelo menos dez quilos mais magras.

Minha amiga desdenhou da minha ansiedade. “Eu não tenho nada disso. Não tenho essa compulsão por comida”. Mal terminou de falar e eis que surge, na mesa ao lado, um garçom com uma bandeja carregada de profiteroles com sorvete.

Nem o Reinaldo Gianecchin, se tivesse se materializado completamente nu carregando a bandeja no lugar do garçom, teria conseguido tirar de minha amiga um olhar de tanto desejo quanto o que ela lançou para os profiteroles.

Nossa mesa ficou em silêncio, até que a minha amiga quebrou o gelo falando “ quando chegar em casa vou comer uma lata de palmito, porque palmito está liberado!”.

Imaginei a cena: Minha amiga, em casa, na frente da televisão, com uma bacia cheia de palmito no colo, sonhando com profitelores e sorvete.

Aconselhei a mudar a dieta. Passar para a do alfabeto porque assim, quando chegar na letra P ela vai poder comer profiteroles e palmito.

E quanto chegar no X poderá comer X-Burguer e X – Calabresa. Sem culpa.

17.11.09

Fugitiva de Alcatraz

Essa semana aconteceu uma coisa incrível na minha vida. Entrei de férias depois de quase quatro anos trabalhando feito uma condenada.
Está ótimo. Tenho tempo até para atualizar o meu blog que, coitadinho, andou totalmente abandonado nos últimos meses.
A sensação de liberdade recém-conquistada é maravilhosa. E assustadora também.
Ainda não sei muito bem o que fazer com tanto tempo livre e, para falar a verdade, me sinto culpada por ficar vagabundeando enquanto milhões de trabalhadores acordam cedo para perder horas se estressando nos seus locais de trabalho, as minas de sal do mundo moderno.
Na verdade, as minhas férias estão servindo para que eu constate, mais uma vez, que a modernidade foi inventada pelo demo para adicionar mais pimenta a nossa eterna culpa judaico-cristã.
Tenho um primo nascido em uma família metade católica ortodoxa e metade católica apostólica romana. Como os pais nunca conseguiram chegar a um acordo sobre em qual religião iriam criá-lo, ele nunca foi batizado. Hoje, com mais de 40 anos, ele diz que como nunca foi marcado por nenhuma religião está liberto de qualquer culpa. O que não o faz muito diferente da maioria dos homens que eu conheço.
Bom, mas eu fui batizada. E sinto culpa, muita culpa, por estar de férias.

Fugitiva de Alcatraz II

O mundo moderno transformou o ócio em algo indesejável. Tipo aquele tio alcoólatra que um dia entrou para os AA e agora vive enchendo o saco de todo o mundo que bebe nas festas de família.
Mesmo em férias, você precisa fazer alguma coisa. Caso contrário, passa a ser olhado com estranheza mesmo pelos seus amigos mais próximos.
Duvida? Então, me responda: qual é a primeira pergunta que te fazem quando você diz que saiu de férias? “E aí, o que você vai fazer?” Experimente dizer “nada” e verá que, na verdade, o fim do mundo vai começar bem antes do que os Maias previram.
Serão minutos de silêncio até que o seu amigo - ainda perplexo sob o impacto da resposta – tome coragem para balbuciar: “Como assim, nada? Não vai viajar?” “Não” “Ah, mas vai encher a cara toda a noite, né?” “Não, pelo menos não estou planejando”.
Teu amigo vai te olhar como se estivesse diante de um desconhecido. Aí, para você tentar animá-lo um pouco, você diz: “Eu estou pensando em dormir vários dias seguidos”.
Teu amigo enlouquece – juro que já vi até alguns babando! “Vai dormir? Mas para descansar a gente vai ter muito tempo depois de morrer!”. Dá vontade de responder que descansar depois de morto não repõe as energias, mas é melhor ficar calado e sorrir discretamente da filosofia de pára-choque de caminhão do seu amigo.
Aí você percebe outra das grandes merdas da vida moderna que é transformar as férias em algo parecido com o trabalho. Estressante e cansativo.

Fugitiva de Alcatraz III

Tenho amigos que adoram viajar nas férias. Passam um mês inteiro fora. Invariavelmente já querem voltar depois dos primeiros 15 dias e, quando finalmente chegam em casa, cheios de olheiras e totalmente estafados, ainda precisam passar mais dois dias fazendo faxina pesada para remover todo o mofo que se acumulou na residência fechada.
E a maioria desses amigos faz questão de te mostrar, com total orgulho, as férias infernais que teve. É aí que começam as sessões de fotos e vídeos. Ah, as sessões de fotos e vídeos!
Teus amigos aparecem sempre com o mesmo sorriso no rosto em frente às paisagens ou monumentos históricos. E ainda te contam, como se você fosse cego: “Olha eu na frente da Estátua da Liberdade! Eu do lado da placa do início da Rota 66! Eu no Grand Canyon! Nooooosa, foi ótimo! Fizemos 25 cidades em 15 dias!”.
Hum, hum.
Sempre que vejo fotos assim, me pergunto se o dito cujo pelo menos se virou para dar uma espiadinha na paisagem em volta, mas tenho vergonha de perguntar.
“Olha essa minha foto em frente a Igreja do Senhor do Bonfim!”. “E aí, como ela é por dentro?”.
“....... Ah, sei lá! Não deu tempo de entrar. Nesse dia a gente se programou para visitar TODAS as 365 igrejas de Salvador...”
Então, tá!

Fugitiva de Alcatraz IV

Pior é quando esses teus amigos descobrem que você tirou férias e não programou nada. É o caos porque eles se sentem na obrigação de ficar o tempo todo de chamando para fazer algo.
E ficam putos se você não aceita.
Acho que estou ficando velha, mas nessas férias o que eu quero mesmo é descansar. Fazer coisas simples, mas que normalmente são atropeladas pela rotina de cão.
Preparar a minha própria comida, ir no mercado comprar produtos fresquinhos, ler um livro, dormir sempre que tiver sono, dar uma volta pela cidade sem nenhum objetivo específico, dizer bom dia ao vizinho, brincar de acampamento na sala com o filho mais novo, jogar videogame com o mais velho, tomar um chope vendo o por do sol, ir ao salão de beleza no meio da semana, arriscar freqüentar uma academia. A lista é longa, mas pode ser resumida em uma única palavra “nada”.
Não fazer nada – pelo menos nada planejado – é a minha pedida nessas férias.
Sim, eu sei que essa é, para muitos, uma visão troglodita de férias, mas eu não estou nem aí. Adoro a minha caverna.