1.1.10

Réveillon do Mundo Bizarro III

A maioria dos que ainda têm família passou o Réveillon sozinho. Viram os parceiros e filhos se mandarem para a praia mais próxima porque ninguém tem culpa de ser parente de um Mané que vai trabalhar no dia 1º de Janeiro – uma sexta-feira, ainda por cima!.

Tenho um amigo que estava sozinho em casa e acabou pegando no sono no sofá. Acordou com uma sensação gostosa, abraçado a um corpo quentinho e cabeludo. Achou que estava no paraíso, que a mulher tinha voltado para os seus braços para comemorar com ele a chegada de um 2010 maravilhoso... Isso tudo até levar uma lambida na cara e descobrir que tinha dormido abraçado com o cachorro.

Outro desses solitários se viu com uma fome de leão já próximo da virada. Revirou a geladeira e achou pouco mais do que água para improvisar uma ceia. Quando a meia-noite chegou, ele estava na varanda do apartamento comendo um sanduíche de pão com ovo acompanhado de um guaraná Garoto à espera da queima de fogos da torre da RBA.

Teve outro que virou o ano sentando na emergência do hospital esperando a sogra ser atendida. Todo feliz, o coleguinha fez questão de ressaltar que, graças a Deus, a sogra não teve nada de grave. Aí eu fiquei pensando: “porra, e a velha nem morreu? Porque se era para foder com o Réveillon do cara que pelo menos fodesse em grande estilo. Agora, estragar tudo e nem dar uma única alegria para o genro é de doer!”.

Uma amiga viu o dia 31 amanhecer com o filho coalhado de catapora. Na hora em que os fogos começaram a estourar ela estava dentro de casa, cobrindo o garoto dos pés à cabeça com pasta d’água.

Já outro companheiro da redação começou a beber desde cedo. Bebeu tanto que, depois de algum tempo, já não estava sentindo nada. Só foi sentir no dia seguinte, quando acordou com a sensação de tinha um alien alojado no seu intestino. A aí soube que tinha tomado baldes de cerveja choca. Chegou ao trabalho mofino depois de uma manhã inteira trancado no banheiro.

Teve gente até que conseguiu fugir para passar o Réveillon em algum lugar mais aprazível. Mas também destes o destino cobrou seu preço. Uma coleguinha foi para um balneário próximo só para descobrir que o abastecimento de água foi interrompido. Aproveitou as tradições de passagem de ano para não só pular as sete ondas mas também para tomar sete banhos, já que o precioso líquido se recusava terminantemente a jorrar da torneira da casa.

Outra escolheu um balneário mais distante e voltou correndo para trabalhar na sexta-feira. Como era impossível encontrar gente para vender passagem no terminal rodoviário, optou pelo transporte alternativo. Nunca antes tinha viajado de van. Sem experiência, passou quatro horas sacolejando e com vontade de mijar. Sofreu em cada um dos milhares de buracos na estrada e, apesar de todos os esforços, acabou fazendo xixi nas calças antes de conseguir chegar a um banheiro decente.

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