8.12.09

Burca de banho I

Tudo começou como uma brincadeira. Como todo mundo sabe, mulheres nunca estão satisfeitas com o próprio corpo. E era época da novela Caminho das Índias, que trouxe de volta as batinhas indianas.

Ai eu falei para as minhas amigas que estava torcendo para que a próxima novela da Glória Peres se passasse no Afeganistão para que a burca de banho finalmente entrasse na moda e eu pudesse voltar a freqüentar as praias do litoral paraense com toda tranqüilidade.

A idéia da burca de banho virou uma piada interna nossa. Até essa semana, quando o Tim Penner, marido da Lilia Affonso, pesquisando na internet finalmente descobriu essa imagem aí em baixo.




Imediatamente e-mails foram disparados e nosso grupo de discussão se formou. A burca de banho existe! Aí eu resolvi ir mais fundo na internet e descobri que não só o burquini é produzido em escala industrial como a burca começou, no ano passado, a ser explorada como proposta pelo mundinho fashion.

Ok, eu conheço e defendo todos os argumentos contra a burca e a opressão às mulheres que ela representa, mas inicie agora o apedrejamento ritual a mulher que nunca acordou, se olhou no espelho e desejou ardentemente ter uma peça dessas no guarda-roupa para poder sair de casa.

E quando a gente vai para a praia, então? A burca de banho passa a ser praticamente uma obsessão diante das celulites e das estrias que teimam em persistir mesmo depois dos tratamentos com eletrochoque e das milhares de sessões de drenagem linfática!

Burca de banho de II

E para atender aos interesses de uma amiga que queria um modelo mais alegre para estrear em Salinas, os editorais de moda agora deste final de ano, a versão fashion do traje de banho utilizado pelas mulheres muçulmanas, inspirado na "burca", pode chegar às praias da Europa no próximo verão. Dá uma conferida!

>Burca modelo fashion. Será que não tá justa demais?

O burquini, dizem seus fabricantes, é confortável, impermeável, 100 por cento poliéster, resistente ao cloro, fácil de usar e colorido. Composto de uma túnica com capuz e calças, deixam descobertos apenas o rosto, as mãos e os pés.
Olha que ótimo! E aposto que a gente ia chamar muito mais atenção da macharada na praia, afinal de contas mulher com tudo de fora tem um monte, mas vestida é cada vez mais raro!

Os modelos são fabricados na Alemanha e podem ser vistos neste site. Se alguém souber alemão por ai, dá para me dizer se eles entregam no Brasil?

Burca de Banho III

Tenho uma amiga que fica horrorizada quando eu digo isso. Ela diz que preciso aceitar o meu corpo. Mas eu aceito! Só acho que os outros é que não precisam ser confrontados com ele.

Acho lindo as gordinhas que adoram seus corpos e não estão nem aí para os seus braços de tacacazeira – a versão paraense das baianas do acarajé.

Eu particularmente, passo. Aliás, nos últimos tempos essa moda de vestido tomara-que-caia soltinho é um perigo só para as mulheres cheinhas. De verdade, para todas as mulheres. Porque se você não for anoréxica corre o sério risco de ficar com cara de quem vestiu uma capa de botijão de gás. Cruzes! Tô Fora!

Olha que lindo esse vestidinho de verão!

De volta à burca, em 2008, o Marcelo Sommer – um estilista brasileiro – apresentou em um desfile esse modelo de vestido aí de baixo.

Burca de Banho IV

Sinceramente, eu achei muito simpático. Pena que em Belém o calor seja infernal. Mas ia ser ótimo para espantar os chatos que sempre ficam cercando a nossa mesa nos bares, quando percebem que tem um grupo de mulheres bebendo sozinhas.

E o Marcelo Sommer não está sozinho. Na Noruega, também em 2008, a burca estreou nas passarelas. A idéia foi da grife norueguesa Marked Moskva. O que eles querem é popularizar a burca como peça básica - e libertadora - do vestuário feminino.Os estilistas da griffe dizem que para nós, mulheres ocidentais, ela dá a oportunidade de poder sair de casa sem que a gente se preocupe com o cabelo ou com a maquiagem. Tem sentido.

Os caras parece que estão levando mesmo a sério a proposta, como vocês podem ver no vídeo abaixo. Há, por exemplo, a "burca-verão", com estampas florais, e a burca de peles, fundamental no inverno. A coleção inclui ainda uma "burca-doll" para dormir, e até uma burca para noivas.

Modelo Xadrez

Modelo de bolinhas

Veja ai, também, um desfile da griffe.



Glória Peres, o que você está esperando para fazer uma novela sobre muçulmanos fundamentalistas?

Atendendo a pedidos

Meus amigos andam reclamando que eu sumi do blog novamente. Peço desculpas. Mas é que as férias me deixaram meio preguiçosa. Então, para compensar, estou colocando esse monte de postagens. Divirtam-se.

As confraternizações I

Na verdade, o sumiço tem também outra razão. Confesso que ando me escondendo um pouco. É que começou a época do ano que eu considero a mais perigosa. A das famigeradas confraternizações.

Tem também o infernal amigo invisível, mas sobre ele e os presentes ridículos que a gente recebe nessas roubadas eu já falei logo no começo do blog e quem quiser saber minha opinião sobre o assunto, basta procurar no arquivo.

Não me entendam mal. Eu gosto de me confraternizar. Mas confraternização de fim de ano, para mim, é reunir aquela meia dúzia de amigos que conquistei em quase quatro décadas de vida. Nós bebemos, lembramos as coisas boas e ruins do ano para exorcizar os últimos 12 meses. Rimos e brindamos. Tai a confraternização perfeita.

O problema é que nessa época, rola uma espécie de compulsão pelas festinhas de final de ano. Tudo uma grande hipocrisia, na grande maioria dos casos. Mas o povo parece que fica histérico.
Conheço pessoas que adoram esse tipo de coisa. Não faltam uma. Marcam na agenda e se combinam pelo MSN.

Normalmente - para desespero dos colegas de trabalham nas assessorias de imprensa - essas pessoas que não perdem um evento são as que menos interessam para os organizadores. Mas também, quem manda inventar de fazer festa?

As confraternizações II

Eu tenho um certo horror às confraternizações. Primeiro porque o convite faz a gente achar que o dono da festa te considera um pobre morto de fome. “Vamos empurrar comida e bebida na gentalha e distribuir uns brindes para os miseráveis” é o que costuma ser a linguagem subliminar dos que recebo.

Até para não parecer pior do que eu realmente sou, acabo indo em algumas. E quase sempre me arrependo.

Já vi coisas do inferno de Dante. Tipo pular uma poça de vômito na entrada do banheiro e encontrar lá dentro uma coleguinha lavando o braço ensanguentado na pia. Ou gente dormindo embaixo da árvore de Natal. Ou gente saindo com a decoração da mesa nas mãos, pensando que é brinde.

Teve uma vez até que um cara, bêbado, não reparou que eu estava acompanhada e me parou na porta de saída querendo me dar um dos tais vasos. E o pior é que era um vaso enorme cheio de folhagens.

Mais triste ainda é que era um grande empresário aqui da cidade, que ficou com a maior cara de tacho quando notou que o meu então namorido estava do meu lado, olhando para ele com os olhos arregalados. Vexame total.

As confraternizações III

Um das coisas que eu não consigo entender nas confraternizações é por que, se a idéia é criar um clima de festa e descontração, as pessoas se comportam, quase sempre, como se não houvesse amanhã.

Comem demais e bebem exageradamente. Pior: bebem o que não estão acostumadas a beber. Aí é nitroglicerina pura. Tem cervejeiro que, só porque é uísque é “de grátis” cai de boca e bebe o destilado como se estivesse tomando chopp. Já dá para imaginar a cagada no final, né?

Isso sem falar do povo que fica dando gorjetinha para o garçom para ser servido na frente. Totalmente sem noção.

Aliás, um dos mistérios para mim é como é que as pessoas conseguem comer tanto nessas festas. Desde que inventaram essa história de Buffet eu quase nunca mais comi em confraternizações. Tenho arrepios só de ver a cena.

O povo todo em fila com os pratos na mão me lembra logo a distribuição do sopão da caridade. Tem gente até que espera com o prato enfiado embaixo do sovaco. Imagino o gosto da comida depois. No mínimo a criatura vai devorar filé ao molho de desodorante. É o caos e a barbárie!

As confraternizações IV

Lembro de um tempo bom em que as confraternizações da Federação das Indústrias tinham o serviço à francesa. Todos sentados e os garçons – maravilhosos! – iam servindo as mesas. Tão civilizado que eu ia com gosto. Depois até eles entraram para a era dos malditos buffets.

E quando chega a hora do sorteio de brindes? É tão deprimente quanto aquelas mulheres que se estapeiam para pegar o buquê em casamentos. O povo grita, faz as mesmas velhas piadas infames tipo “balança o saco, fulana!” e fica histérico se ganha alguma coisa. Não interessa o quê.

“O que foi mesmo que você ganhou?” “Ah, sei lá, parece que é um pen drive com um aparador de pelos do cu embutido...” “ Poxa, meio trash você não acha?” “ Ah, que nada, o importante é que EU GANHEI! GANHEI! UHUUUU!. Então, tá.

O pior é que também fica histérico se não ganha nada. E fica inventando que os prêmios estavam todos marcados.

Fora que, nas confraternizações, quase todo mundo se odeia e vai lá só para poder ficar falando mal dos outros. Aliás, essa é a única razão pela qual ainda não deixei de vez de ir a essas festinhas.

Homens e mulheres I

Estou cada vez mais convencida de que esse negócio de morar junto é uma fórmula que a humanidade desenvolveu para o controle de natalidade.

É praticamente impossível o romance se sustentar com tanta intimidade. Acho que os melhores casamentos são aqueles em que cada um mora no seu canto. Imagina se pode dar certo juntar sob o mesmo teto duas pessoas que tiveram criações completamente diferentes, se até com os parentes – e olha que todo mundo foi criado junto – chega uma hora em que a convivência diária se torna insuportável!

Primeiro que, para morar junto com alguém e manter um mínimo de dignidade, é necessário que cada um tenha o seu próprio banheiro. Quer coisa pior que entrar no banheiro pela manhã e sentir aquele leve cheirinho do coco que o seu parceiro acabou de fazer?

E quando é você que entra primeiro? O que fazer para o cheiro sumir? Ficar abanando com a toalha até a coisa melhorar? Deixar um estoque de caixa de fósforos no armário? E quando o coco resolve não descer e você já está atrasada?

Homens e mulheres II

Isso sem falar que ainda é preciso ter muita tolerância – homens e mulheres - para agüentar calcinha pendurada na torneira, cueca jogada no chão, piso molhado, cabelo no sabonete e na pia, xixi no assento do vaso, pasta de dente aberta.... No retorno para o quarto,tipo um bônus, sempre tem um dos dois que abandona a toalha molhada em cima da cama. Geralmente do lado em que o parceiro dorme.

E quando o parceiro resolve fazer tudo de porta aberta e ainda tenta entabular uma conversa com você? De verdade, eu penso que assepsia é uma coisa que a gente deve fazer na mais absoluta solidão. A menos que você esteja com a esteticista, cabeleireiro, manicure ou outras dessas pessoas maravilhosas que te transformam em gente toda a semana.

Quer saber um erro comum das mulheres que os meus amigos homens já me confessaram? É querer tomar banho com o figura depois da transa. Ir para o banheiro depois só se for para dar mais uma no chuveiro, dizem os meus amigos.

E depois, aí sim, cada um volta sozinho para o banheiro e toma banho de verdade. Ou vai me dizer que você acha lindo ver o seu companheiro lavando o saco? Saiba que ele também não vê muita graça quando a coisa é com você.

Sinceramente, não dá para tomar banho de verdade com alguém do teu lado. Como é que você vai limpar o nariz? E o cu? E passar a lixa nos pés? E tirar a cera do ouvido? Impossível. Se um homem te vir fazendo tudo isso e ainda continuar com você, tenha certeza: ele é cego!