26.1.07

Alô? é da casa do Mário?

Depois de um período de trevas, sem internet que prestasse em casa, finalmente voltei a ter acesso rápido à rede. Difícil vai ser sair da outra rede, a de pano. Admito que ando meio preguiçosa. To adorando passar horas deitada, sem fazer nada, ou dormindo, ou lendo um livro. Mas a paz nunca é completa. Quem mais me perturba é o telefone.

Ô invençãozinha do Demo! Raramente serve para alguma coisa. Porque quando você precisa falar com alguém a pessoa nunca te atende e quando você não quer falar com ninguém, as pessoas sempre te acham.

Como vocês já devem ter percebido eu sou chegada em teorias conspiratórias. No caso do telefone, eu penso que, depois de desenvolvido pelo Mr. Bell, as grandes potências mundiais descobriram o potencial do aparelho como arma para enlouquecer as pessoas. E aí, desde então, temos centenas de cientistas trancados em laboratórios subterrâneos espalhados por todo mundo dedicando a vida a desenvolver formas cada vez mais sádicas de uso da engenhoca.

Por exemplo, tem coisa mais irritante que campainha de telefone ou toque de celular? Primeiro os toques eram monofônicos (uma desgraça!) e depois surgiram os toques polifônicos e aí tudo ficou pior porque descambou para o brega total. E o ser humano, neste sentido, não encontra limites. Basta ir a qualquer lugar público e ficar esperando. Você vai ouvir versões de “Festa no Apê”, barulhos de bicho, vozes imitando pessoas famosas, sons de buzinas. Normalmente acompanhadas por um sorriso orgulhoso do proprietário. Se o cara quer aparecer, porque não tenta uma melancia no pescoço? Melhor do que andar com um celular que informa que o seu dono é um brega-deslumbrado incurável.

Isso sem falar que normalmente esses “engraçadinhos” são aqueles que nunca ouviram falar de etiqueta para o uso dos aparelhos. Falam alto, atendem o telefone em qualquer lugar e simplesmente desconhecem como ativar o perfil silencioso.

Por mais que você se esforce, não conseguirá encontrar um toque de celular que seja discreto e elegante. Isso simplesmente não existe. Não é interesse dos cientistas desenvolverem tal maravilha tecnológica.

Mas não é só no aparelho em si que miram os cérebros da indústria do sadismo. Também têm os serviços como o famigerado telemarketing e o terrível atendimento automático. O primeiro foi desenvolvido para sempre te encontrar em casa (acho que eles têm algum sistema de rastreamento via satélite) e o segundo para que você nunca consiga falar com ninguém.

Vocês acham que é exagero? Eu tenho uma amiga que foi perseguida pelo povo da operadora de cartão de crédito dela. Eles queriam que ela atualizasse o cadastro. Insistiram. Até que um dia, depois de muita perturbação, a minha amiga resolveu ligar para a empresa e atualizar os dados cadastrais. Ligou. Esperou. Esperou. Perseverou e finalmente foi atendida pelo setor competente.

Pois não é que depois de toda essa odisséia tecnológica o atendente só perguntou o número do CPF dela e a data de nascimento? Pelamordedeus! Para qualquer pessoa idônea, como é o caso da minha amiga, essas duas informações são das poucas que não mudam nunca ao longo da vida.
Você muda de endereço, de emprego, de profissão, de estado civil, altera o número de dependentes, muda de salário. Muda até de nome. Mas a data de nascimento e o CPF continuam os mesmos.

Então, é ou não é coisa de gente sádica? Ligar várias vezes para um ser humano, obriga-lo a enfrentar a lerdeza do atendimento automático e, no final, só pedir para confirmar o CPF e a data de nascimento? Se fosse o povo das “Lojas Expra Nada” eu até entendia, mas um cartão de crédito internacional...Eles só podem fazer parte da conspiração global.

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